domingo, 23 de dezembro de 2018

Sofrer dos nervos

Enervada foi
essa carne
esta minha carne
já refeita de cortes.

redesenhada no core
Corre!

coração

Vermelha carne
(Olha o corte!)
Rupturas
nas fibras
do que deve querer vida

Enervada

E por que foi

lembra:

cada sinapse
cada fio de potássio

eletrocutando a água vinagrada
e morna
que morava
atrás dos olhos
tão mais agora
eles mesmos
ressecados

frios
zonzos
do estouro úmido
do súbito arroubo

Enervado

pressentimento
dos cristais de sal
pó de vidro
que arranharia

entre o rosto e a garganta

cinza invisível

desamor


entre o sal
nosso corpo
e o tempo
Enervada foi
E é

Minha carne
nosso corpo
minhas memórias.

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