No fim de 2013, entediada, confusa, e após clicar numa
página de Tarot on-line que veio por e-mail, a previsão foi: um ano de grandes
mudanças sociais e pessoais. Mudança, mudança, mudança. Foi o que em todas as vezes apresentaram as
cartas. As mudanças sociais talvez eu não precise descrever. As pessoas estão cada
dia mais familiarizadas com a rua como espaço delas e não apenas dos carros. A
rua foi espaço meu também este ano. A rua como suspensão da ordem estabelecida.
A rua como suspensão. E suspensa fiquei em muitos momentos deste ano. No entre,
nas fissuras tempo-espaciais da cidade de São Paulo. Duas vezes sem casa.
Infinitamente sem certezas. Todas as
vezes com meus amigos e parentes. Nenhuma vez com um amor (o Tarot também previu a minha pausa solo). Estar sem chão e não voar.
Uma prima minha diz que quando tem medo canta. Eu escolhi
dançar. Se era para cair, que eu aprendesse a cair com alguma beleza. Com
alguma leveza.
Eu espero para 2015 quedas cada vez mais graciosas. Que eu
consiga ser a protagonista de meus alçares. Suspensa apenas por meus pulos. O
entre que não seja o intervalo de vazios. Mas o fio que liga afetos.
A armadura infelizmente continua posta. Mas prometo retirá-la se for um convite a
dançar comigo.