Entraram em casa, o cheiro era de pipoca queimada, mas não
muito queimada. Era uma adulta que gosta de pipoca e ele uma criança que não
gosta. Cobrou a ‘mesada’ em atraso. Sabia que a mãe a tudo esquece, então,
ele, sete anos e bochechas, precisa cobrar a mesada, precisa lembrar à mãe de
olhar o bilhete da escola, enfim, estar a parte das responsabilidades da casa. Ele olha por um instante, estende os braços e diz que tem saudades... Saudades de durante o dia. Depois vai jogar no computador. Dá graças a Deus, está exausta para
conversar com ele. Passa um tempo. Irritada com aquilo, quer atenção
também, mas não soube pedir. Desaprendida de conversar com o filho? Apenas sem
forças... Melhor mesmo talvez seja esquecer então do assunto e cair pro banho. Antes mesmo do
pequeno, banhar-se, cansada. Ele percebe a mãe no chuveiro e corre
pro banheiro, tira a roupa, Gosta de tomar banho com a mãe. É nesse momento,
ele sabe, que sua mãe finalmente... Finalmente!
“Então não havia
esquecido!”. Não. Não havia esquecido. Só estava seca demais para lembrar.