terça-feira, 28 de junho de 2011

Perfurações íntimas

Quando eu nasci, um anjo torto

me disse: Vai, Yara! E seja imagem e semelhança.

 

Corpo incorreto

Contorno choco...

O torto da ideia do olho

o osso do fundo do oco

sangue

entranhas...

Estranha.

Um soco em ponta de vida

 

Carne sem rima

escultura de Sal

As mãos quebradas

Carne-Cal

Carne-caustica

Em praias lisas

de marés retilíneas

galhos uniformes

folhas geométricas

O coração correto

a carne in-core-recta

Só poderia mesmo dar nisto(!):

sentimentos torpes

poesia manca

 

No liso dorso do papel

um tropeço na artéria dos sonhos.