quinta-feira, 16 de abril de 2009
Trecos e truques na caixa de Pandora
O blog de minha amiga Valéria, um espaço com muita coisa pra se ler.
quarta-feira, 8 de abril de 2009
Quase dois sambas
A outra metade de meus textos...
Dois sambas e nenhuma melodia.
Sorry pela mediocridade das letras, mas não sou poeta e nem musicista. Apenas uma grande intrometida. Como diria o meu amor, em paráfrase a uma frase do texto de Raduan Nassar, uma lingüístazinha de merda.
Mas se não faço sambas bons, é que estou me guardando para quando o carnaval chegar...
....
Samba sem endereço
Meu nego diz que é branco
Que é quase carcamano
Que é da Leopoldina
E que na minha favelinha
Prefere nem pisar.
Meu nego que é branco
Que se acha carcamano
Despejado da mordomia
Diz que só se mudou lá da vilinha
Que é pra não entediar.
Meu branco diz que é preto
Mas que é preto do Bexiga
E que não se junta com gentinha
Que é pra não acostumar.
Meu nego não tem cama,
Não tem mesa, não tem grana
Mas diz com voz de galo empapado
Que não é em barraco alagado
Que ele há de me amar.
Meu nego não tem cor
Não tem diploma de dotô
Não tem beira, não tem eira
Não tem carro, nem cavalo
Mas diz que em endereço favelado
Ele não vai me procurar
O meu nego que não é preto
Nasceu num bairro de operário
Em épocas de glória foi proletário
Mas hoje acha de classe só palavrear
Meu nego fala bonito, Fala difícil
Diz que é branco letrado
E que não vai pro trabalho
Que é pra inteligência não gastar
Diz que é vagabundo de classe
Que pra favela só iria se o pagasse
Mas na hora do amorzinho
A favela não quer largar
O meu branco quer ser preto
Às vezes se acha o literato
E encarna o próprio Machado
Que de preto aos poucos passou a clarear
O branquinho que é o meu nego
Esnobou minha favela,
- Tem gente chucra e sem cultura!
É difícil de chegar
Mas esse branco que é meu nego
Que não banca e só faz trela
É apenas mais um desses malandros de subúrbio
Que de samba não quer gostar
O que o nego num percebe
É que o de menos é meu “CEPE”
Que a favela mora em mim
E o meu amor é feito assim
De samba sem hora e sem lugar
Ele é a minha favela fazendo batuque
E é feito no ritmo da cama fazendo compasso
Ele é o samba sonhando o terreiro em que vai tocar.
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(Sem título)
Dizem por aí que sou muito é descarada, pois o corpo ainda nem esfriara
E eu tão logo viuvinha
Já me fiz faceirinha pro velório ir paquerar,
Mas o que todos não sabem
é que rancor de mulher traída
só se cura mesmo é com saia curta e com birita...
e mais ainda
com muita danação
Pois só eu sei quanta brasa engoli
Que da amante maldita à boca dele cuspia
as cinzas de nossa paixão
É que por um teco de cigarro, esse desgraçado,
quis me deixar no celibato
com lamento e sem pensão
E se foi.
Com a querida fedida
A traiçoeira, magrela e nem mesmo faceira,
E quem lhe era sempre a preferida
Ingrato! Ingrato!
Eu ali, queimando em paixão,
Trocada por um cinzeiro roubado!
Ingrato!
E o maravilhoso perfume
de nicotina!Da querida... fedida!
Fedida e barata,
que a todo tempo lhe escarrava a desgraça,
a asfixia de nossa canção.
Ingrato!
E agora, que suas brasas o consumiram,
Pois eu é quem pergunto a todos esses ditos amigos
Quem é que consumirá
As brasas que eu estava guardar
e o Amor que estava a lhe juntar, enquanto ele?
Tudo num cinzeiro a nos fumar!
Ingrato!
Há isso é que não há perdão!
E é por isso que eu afirmo
E em compasso de samba de viúva empoleirada
Que por chumbo trocado e cinzeiro derramado
Não se fica a chorar e não se reclama por limpar.