segunda-feira, 24 de setembro de 2012

Utilidades

 Chega um tempo em que não se diz mais: meu Deus.
Tempo de absoluta depuração.
Tempo em que não se diz mais: meu amor.
Porque o amor resultou inútil.
E os olhos não choram.
E as mãos tecem apenas o rude trabalho.
E o coração está seco.”
C.D.A



Fútil,
vulgar,
no meio do caminho havia o afeto
atrapalhando o tráfego 
o meu Amor não tem mesmo de ser útil
E eu, aqui, de braços e mãos atordoadas,
nem por isso deixei de esperar o seu abraço.

Se morro um fígado a cada grito,
ele renasce, teimoso,
em silêncio, 
nos intervalos desta grande-repetição-barulho-mundo-surdo. 

Eu tenho mãos sem dedos que escrevem 
asas delirantes que tombam
e um reflexo no espelho 
que não vejo e existe.
E isso nunca é dito desta maneira

Mas eu e minhas mãos
não deixam de sentir os voos.

Tudo já foi escrito, 
e daí?
A Fênix nada quer dizer

Apenas 
morrer palavras
para depois
Renascer