Era uma vez… Alguém que me fizesse companhia; que me acolhesse; que me assumisse. O que é me assumir?
É desfilar publicamente comigo? É ter em aberto a possibilidade de projetar futuro comigo?
Era para ser uma ficção isso aqui. Um dia eu fui à padaria e um rapaz interessante puxou assunto comigo. Eu fiquei com vontade de continuar conversando com ele. Depois sutilmente ele acessou meu corpo e transamos. E foi maravilhoso. E queríamos mais.
Passamos a conviver e eu podia fazer coisas legais com ele. Talvez seja só isso. Parece monótono, mas nada é monótono na América Latina, no Brasil, sendo uma pessoa pobre. Não faltaria assunto e aventura pela menos.
Por outro lado, nenhum plano parece possível, eu não consigo escrever uma ficção de amor. Até ia mudar o título para "uma história de amor imperfeita". Não ajudou a tentativa de mudança.
Eu nem mesmo consigo assumir o desejo de ser publicamente amada. Eu venho aqui e pela escrita tento rascunhar notícias de meu desejo.
Do que eu tenho medo?
Um dia o rapaz interessante lhe disse: gosto de você, mas nem tanto. Ela se desfez em lágrimas como quem tenta regar uma planta seca e fazer que volte à vida pelo excesso de águas que agora deposita nela.
Há muitos jeitos de ser gostada, não deveria doer. E não dói. Porque essa é uma história perfeita de amor. O rapaz da padaria mora dentro do meu coração e o medo que o protege não permitirá jamais que eu fale de modo amistoso com rapazes interessantes em padarias.