terça-feira, 22 de outubro de 2013

Imagino


Eu,
aqui,
à espera

à espera

desta parte de mim
que sou quando
contigo...
é inevitável a falta
se só por ti
pertença de mim
enfim
um fim
em mim
de mim
sua
pele
minha
meu
mais fundo eu
minha
e em ti
e só
enfim
voltar a ser

Eu,
aqui
À espera

refaço
o que de mim em ti
aborto e renasço
Outra
a que escreve a ausência de mim e se faz presente
quando escrevo estar sem ti
sendo
essa linguagem em falta
e presença
e alheia
que se refaz saudade do seu próprio corpo
e seu
Corpo
e linguagem
eu
quando contigo estou
cantiga
aqui,
à espera.

Sendo Outra
e minto,
pois falar do passado como se ainda fosse
é reviver uma Outra
que não é
e nos coloca à parte
à espera
do silencio e dos sons
e da inteireza que
só serei
em ti

Enquanto isso
Outra...

Chegou tarde àquela noite e não estava frio, mas uma febre ao contrário percorria o chão, fissura, percorria e a espinha.. espinhava, sua espera. Havia alguns meses que sua pele perdia a semântica de ser ainda que em digitais ásperas. A cada instante empalhada em si, cada vez mais anestesiada de seu próprio sangue e memória. Quente ou macia ou úmida ou ter cheiro de açúcar queimado e limão e cravo e manjericão e laje batida, ou contar alguma historia de quanto ainda se catava tatus no quintal, alguma música pop de amor (Cruisin?) algum samba de amor (Cartola?) e os goles de cerveja – preta, preferia preta - em algum boteco barato da Rua Augusta, o paladar já por demais afetado, inclusive . Não sabia-se mais. Escalpelada, apartada da própria pele, nem mesmo mais fios de cabelo –crespos?, nem macies após a depilação - Em contato com Outro é que se senti,em contato Dele e que roçam...  E isso é. É. É... Olhar e saber-se olhos...(só seus pelos é o que faz Sentido) E, finalmente, saber quem se é, oh! oh! oh! sendo!  Saber quem se é e ser neste único instante para sempre. Falar é sempre mentir, por natureza. o que passou já não é. O presente é mentir o instante sepultado, defunto fresco. A sinceridade mora no gesto? Moraria no toque? Moraria nos cheiros? Toda lembrança tem um cheiro... É que o que não mente é a carne, toda ela, sem separação – cheiro, toque, memória... E escrevo aqui sobre esse frio, sobre fissuras e espinhas, mas é necessariamente sobre Nós, pois que se escrever é fazer do Outro um pedaço de minha carne, é também que escrevo para imaginar o gozo que é o Outro devorar essa parte de mim.     

De Outrem


E se faz sempre do outro a carne no que é rememorada. Que se para sempre gozo, mesmo quando relembrada, para sempre cúmplice de um Outro já que alheada.    

terça-feira, 15 de outubro de 2013

Gauche acadêmica


O problema todo é este: as escolhas certas nas categorias erradas. Minha alma - embora negue com veemência - é de uma linguísta. Meu coração, contudo é da história. Meu tesão, da literatura. Daí que, se meu coração fosse da linguística, meu tesão da literatura e esquecesse a história, eu teria uma linda carreira acadêmica em semiótica. Se minha alma e meu coração fossem exclusivamente da linguística, eu não teria tesão, mas teria uma brilhante carreira acadêmica aos 26 anos de idade. E, se, minha alma e coração fossem da história e mantivesse meu tesão com a literatura, eu teria uma brilhante carreira no marxismo materialista que ocupa toda a Letras. Mas eu nasci gauche. Eu acho chata e abstrata demais a teoria literária marxista, acho fútil a semiótica e, hedonista, cedo fácil a qualquer teoria que assim como a literatura, procure pelo discurso literário o que também em si seja tesão.

sexta-feira, 11 de outubro de 2013

Todo cuidado

E em dias de sexta, em que o tempo bom, o otimismo catalogado, o álcool e a volatilidade do desejo, enfim, o caráter etéreo de encerramento das horas de sexta, em que encontros foram dados a acontecer, todo cuidado é pouco, pois a vida e a literatura já me ensinaram: "o amor é sexualmente transmissível".

quarta-feira, 9 de outubro de 2013

O poema é o início do beijo


Eu, aqui,
ótica
fibra
(sangue em luz retinta)
projeto-me
em seus olhos
aos seus lábios
nossos
desde aqui.

sexta-feira, 4 de outubro de 2013

Textos abduzidos

Sumi com dois textos meus anteriores, pois não concordo mais com eles.
Atenciosamente,
autora indecisa.