quarta-feira, 31 de julho de 2013

Cena em primeira pessoa


Entraram em casa, o cheiro era de pipoca queimada, mas não muito queimada. Era uma adulta que gosta de pipoca e ele uma criança que não gosta. Cobrou a ‘mesada’ em atraso. Sabia que a mãe a tudo esquece, então, ele, sete anos e bochechas, precisa cobrar a mesada, precisa lembrar à mãe de olhar o bilhete da escola, enfim, estar a parte das responsabilidades da casa. Ele olha por um instante, estende os braços e diz que tem saudades... Saudades de durante o dia. Depois vai jogar no computador. Dá graças a Deus, está exausta para conversar com ele. Passa um tempo. Irritada com aquilo, quer atenção também, mas não soube pedir. Desaprendida de conversar com o filho? Apenas sem forças... Melhor mesmo talvez seja esquecer então do assunto e cair pro banho. Antes mesmo do pequeno, banhar-se, cansada. Ele percebe a mãe no chuveiro e corre pro banheiro, tira a roupa, Gosta de tomar banho com a mãe. É nesse momento, ele sabe, que sua mãe finalmente... Finalmente! 
“Então não havia esquecido!”. Não. Não havia esquecido. Só estava seca demais para lembrar.     

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