Eu , já fundura escura ao redor dos olhos
em vermelhos de cansaço escorados
já em hálito de café amargo,
disfarço,
o que de mim desfaço
o que de mim encubro
em absorções e
opiáceos
O meu olho,
é vulgar, de velha descompensada
tensa e tesa desgrenhada, caduca arreganhada
-
não se
enxerga, não?!
-
Não...
Em sal resisto e lavo
os seios entumecidos
ante a gota de um chuveiro de motel barato
seios infantis
corados,
ridículos,
fiapo de carne intacta entre os dentes do Tempo
e sinto o bater alaciado de seu tropeço brega
e não quero
Não quero!
Já sabida nas artes da embromação
sem ser sábia e fingindo ser
sinto
que o endurecer da voz não protege assim...
e aquele órgão de comercial
o encaixado nos seios e não
armadura nua que não se faz dureza nunca
armadura estúpida!
Nem mesmo serve a esconder o que de mim desaguo
olho por olho,
lente por dente
lebre em pele de lebre e lobo
e já fundura escura
desnuda desengonçada carnadura
afundo o peito ao redor dos olhos
em cansaço devotado
e o ridículo de meus lábios de velha desgrenhada
não descrevem sem papaguear o eco rastro
este vulgar de seios infantis
(e nem mesmo o modo vulgar como os tenho e gostaria dizê-los),
acaba que se contrai em voz enternecida
infantil dessemelhança
e no peito, pelo peito
intactas retenho
as descrições
toscas
a respeito de seios infantis
e demais gagueiras ante este bitch coração de anciã
sobre os fiapos que persisto
e que o dente do Tempo já em mim
lanha o olho
fundura curta da língua intacta
eu minto
Anciã de seios adolescentes
disfarça
e mente
e funda-se
e vai assistir novela
com creme anti-rugas
ao redor
dos olhos
Nos olhos.
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