terça-feira, 28 de agosto de 2007

Mantenho o título: Bom dia pessoa curiosa!

Olá querido diário, hoje...

E era assim que começava todos os textos de meus diários quando eu os tinha, em minha infância. Preguiçosa, exatamente como continuo a ser, raramente escrevia, o que, em parte, explica a minha péssima escrita de hoje e a dificuldade de interpretar e tornar interpretáveis os meus próprios sentimentos. Sim, porque entre muitas das ideologias que se nutrem dos poucos neurônios que dormem em meu cérebro é a de que tenho sentimentos. Kant já tentou me provar um pouco do mecanismo podre pelo qual nos excitamos com as coisas “belas” do mundo e nos decepcionamos com as “feias”, mas teimosa e vaidosa de minhas conclusões, insisto em continuar...sublimando tudo!

Mas não há como evitar. Talvez para me sentir mais confortável, prefira acreditar que não há como evitar alguns clichês: Para que estou nesse mundo? Poderei mudar alguma coisa desta merda toda? (Agora, a pergutinha sacana!) COMO?

Se me disser que nada disso tenha passado pela sua cabeça, eu categorizo de insensível, desumando, ou ainda, hipócrita, e mantenho, como sempre venho a fazer, a minha linda zona de conforto.

O tempo passa, a gente vive, a gente lê (quer dizer, eu leio...mas só as vezes!) e as nossas costas começam a doer. O mundo pesa! E sempre...cada vez mais. As perguntas começam a mudar, ou ainda, adicionamos novas perguntas, cada vez mais sacanas...e pessimistas: Se não posso mudar o mundo, poderei ao menos mudar minha comunidade? Se não posso mudar minha comunidade, poderei mudar ao menos a realidade das pessoas que convivo? Ao menos, das pessoas que amo? Ao menos a minha?! Pois é...olha o individualismo aí! Poderei salvar meu rabo?! Ou talvez não. Quem sabe a constatação de que não temos controle nem da realidade da única pessoa que se tem acesso e “controle” da mente e do corpo...a única...nós mesmos!

Sabes para que serviu todo o meu conhecimento de retórica, de teoria do texto e do caralho a quatro quando tentei convencer o pai do meu filho de que era irracional que não gostasse de seu próprio filho? Isso tudo é ideologia de intelectual idiota que acha que são as palavras que governam o mundo.

Muitos, aliás, a maioria, dos aristocratas da Idade Medieval e, pensando em Brasil, do período colonial até meados do século XIX, eram ANALFABETOS!!! E se argumentar que o conhecimento é transmitido também pela oralidade, dúvido que estes mesmos aristocratas discutissem qualquer coisa relativa a uma reflexão da situação social que os rodeava. Aliás...que situação social? E que tal argumentar essa: QUEM É QUE NO FINAL DAS CONTAS MANDAVA EM TUDO?

E a coisa não mudou tanto assim não! Apenas que agora sublimamos mais. E como boa pseudo-intelectual frustrada, engoli a soberba de meu discurso, converti todas as minhas idéias em um mar de sal e ateei tudo no jardim de minhas esperanças, agora um tanto quanto estéreis.

Mas, se estéreis, o porquê deste texto? Quem sabe para levantar o vôo do pássaro onírico descrito por Walter Benjamim. Assim como fez minha avóE do mesmo modo que por mim tantas vezes ignorado, assim como seu discurso e ainda, como seus humildes e velhos sentimentos, este texto (já sem qualquer humildade) é apenas um reboco de tempo: e também não será lido. Como diria minha mãe: o castigo vem a cavalo. De qualquer maneira, está aí o tal pássaro!      

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