sexta-feira, 4 de março de 2011

Diário de uma não escritora

 

É inevitável que a cada dia a mesma questão não deixe de martelar meus  parafusos: o que me fez parar de escrever?

Tantas coisas a dizer... O ciúme pela primeira vez experimentado, a covardia diante de um projeto de mestrado, os medos, os deslumbramentos de cada dia. A relação incestuosa com os escritos de Hilda Hilst, as novas caraminholas fecundadas por Deleuze. Hilda que com sua A Obscena Senhora D. até o momento coloca-me a desconfiança de que alguém, antes mesmo de eu nascer, soube entrar em meus pensamentos, e transpos tudo, obscenamente, em um livro público. Com Deleuze, colocada de lado a dificuldade da leitura, pela primeira vez senti a esperança de uma reflexão ética e psicológica que não se cristalizasse em arquétipos aparentemente idiossincráticos e aleatórios.

Tantas coisas... Tantos sentimentos... Sento-me em um restaurante e degusto a minha sopa com uma única coisa na cabeça: escrever. Um enorme sentimento de pequenez diante da vida e um delicado e discreto buraco negro a chupar minhas expectativas.   E o que há contigo, senhorita Y. ? E o que há contigo a quem sempre a escrita foi mais do que uma obrigação: a quem a escrita é a única forma de viver menos distante do que chamamos de completamente? Escrever requer disciplina e hábito e é isso o que eu não contava.  Dominar o sono, o cansaço, parar de dispersar com tantos moinhos de vento...

Essa semana, finalmente, eu tirei do papel o meu projeto de um blog de crítica literária e de arte. Um primeiro passo, o qual, espero manter.

Deixo aqui o endereço do blog o qual espero manter a atualização com a disciplina de um atleta.

É... E mais uma vez, um, dois, três, testanto!

Blog Oficina de Saudade: http://saudadesensaiadas.wordpress.com/

§  Se fosse possível escrever um diário de saudades inventadas com escrituras das lembranças do que jamais vivi, tais relatos estariam reproduzidos neste espaço. Mas, ao procurar uma definição para este projeto – as escrivinhaduras de minhas leituras, não soube separar em exatidão a vida sentida e capturada nos livros que me permeiam e todo o resto.Assim, o máximo que conseguirei prometer a quem por ventura por estas linhas se enredarem são: Ensaios de ensaios…

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