Escrever como quem
compartilha um segredo
E até
pode parecer que escrevo como quem
pede socorro
que escrevo como quem
se entrega
que escrevo
para me vitimizar
mas escrever
“você não está só”
e colocar em uma garrafa e jogá-la ao mar
à espera de que chegue
não a um salvador
não a àquele bom homem que olha o mar e talvez se sinta só
não a um grande amor
não a um filho
não a um grande chefe de Estado
e nem a um antigo chefe de trabalho
não a uma heroína ou a um herói
e nem ao Nobel da Paz de algum momento da história
não a um poeta ou poetiza
e nem às musas e deuses de suas inspirações
mas
àquele ou àquela
que também
naufraga
que como eu não sabe o que esperar
mas se importaria muito em saber
que ainda não enlouqueceu
só
nesta solidão.
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