sábado, 23 de abril de 2016

“você não está só”

Escrever como quem 
compartilha um segredo

E até
pode parecer que escrevo como quem 
pede socorro
que escrevo como quem 
se entrega
que escrevo  
para me vitimizar

mas escrever 
“você não está só”
e colocar em uma garrafa e jogá-la ao mar
à espera de que chegue
não a um salvador
não a àquele bom homem que olha o mar e talvez se sinta só
não a um grande amor 
não a um filho
não a um grande chefe de Estado
e nem a um antigo chefe de trabalho
não a uma heroína ou a um herói
e nem ao Nobel da Paz de algum momento da história
não a um poeta ou poetiza
e nem às musas e  deuses de suas inspirações

mas
àquele ou àquela 
que também 
naufraga
que como eu não sabe o que esperar
mas se importaria muito em saber
que ainda não enlouqueceu

nesta solidão.  

Nenhum comentário:

Postar um comentário