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quinta-feira, 6 de maio de 2010

Derrelição




Paulista, 702/10 U, chaqualhadas, dor de cabeça. Porque raios tenho tanta dor de cabeça?! Maltido corpo doidor!!!

Seria o vinho? Minha boca adormecida...só poderia ter sido o vinho. Quantas vezes teria eu bebido nos últimos dias?: Energético com wiskey no sábado, cervejada na segunda, taça de vinho na terça, mais vinho na quarta.

Óbvia ignorada dor de cabeça a latejar meus miolos! Eu sei que não sou alcoolotra - Superego ativado: “apenas idiossincrasia de acontecimentos. Casamento, aniversário, café da livraria, jantar com meu amor.”

Mas, por outro lado, não posso negar que o anestésico me seduz. Euforia e anestesia...Aquela taça de vinho diante deste mundo estúpido é quase um atentado ao pudor!!!  Gostosura serena estar alcoolizada. 

Esquecer e lembrar...e a vida balança num balaio de nenem.  Para cá, para lá... Debussy...

Eu estava na festa de casamento e um amigo non-sence encostou a câmera fotográfica quase no meu nariz. Foto mais esquisita que eu já vi. Realmente minha amiga tinha razão: eu sou feita de pele, ossos, cabelos e olhos. E mesmo após a “tiração de sarro”, não é que só então percebi que tenho uns olhos enormes? Em 25 anos de vida, nunca havia reparado nisto! Olhos enormes. Como as pessoas conseguem olhar para mim com esses olhos tão grandes? Teriam perdido seu medo do lobo mau? Eu lavei o rosto e aquele vinho deixava meus olhos ainda maiores dentro do espelho. E se quando eu desligar a luz de meu quarto e fechar os olhos, essas duas coisas redondas, grandes, verdes e olhadoras se abrirem dentro de mim? E eu for devorada por este lobo mau, como foi chapezinho? (Não dormir de touca vermelha, anotar na agenda assim que acordar).

Eu não tenho agenda. Fui amaldicioda pela praga dos alejados de agenda. Um dia, virá um sapo de olhos pequenos, arrancará meus olhos grandes com sua lingua fina e comprida e eu passarei a usar agendas. Mas o fato é que sem agendas e sem sapos, ando a dormir com lobos de olhos grandes, invasivos e ridicularizadores.

Dureza, durificação, durificar: qual a medida entre a dureza e a violência? Entre o medo e a coragem? Entre a prudência e a covardia? Durificação da alma. Ser ou não ser, sábio Shakeaspeare! E no escuro os questionamentos baratos e de jingle repetido parecem desadormesserem furiosos: Até quando suportarás o peso do mundo, hein senhorita olhos de lobo?

Pausa!

A questão, entretanto, é bem simples: esse peso do mundo em meus ombros seria sinal de coragem ou covardia? Até que ponto o trabalho, o filho, o namorado me pesam, ou me aliviam? Dentro do que é possível, a quem entregar o que há de melhor em mim: o meu tempo e o meu bem querer? O Tempo. Se fosse escrito com letra maiúscula, talvez a humanidade fosse finalmente ética e feliz. O Tempo e sua boca de lobo, mãos de criança. Carnificação molestadora de nossos sentimentos, desescultor de corpos.

Mas “Resta ainda esse coração que queima como o Círio...” Sábio Vinicios a salvar minhas tardes! Cretino seja esse ar condicionado a esfriar corações que queimam como Círios e que não sabem usar Excel!

Vaguidão? Que se Danem as explicações!!! Espero mesmo que ninguém entenda nada meeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeesmo! “O essencial é invisivel aos olhos...”

Apenas um registro de uma raiva besta diante desta vida besta, destas horas bestas empenhadas em coisas bestas que me chupam do que realmente é importante. 

 

*[...]  Teus ombros suportam o mundo
e ele não pesa mais que a mão de uma criança.
As guerras, as fomes, as discussões dentro dos edifícios
provam apenas que a vida prossegue
e nem todos se libertaram ainda.
Alguns, achando bárbaro o espetáculo,
prefeririam (os delicados) morrer.
Chegou um tempo em que não adianta morrer.
Chegou um tempo em que a vida é uma ordem.
A vida apenas, sem mistificação.

 

 

Trecho de Os ombros suportam o mundo, Carlos Drummond de Andrade (grifos meus)




terça-feira, 20 de abril de 2010

Maldito Marx!!!


Ócio. Tédio. A dúvida é inevitável: caralho, porque não posso aproveitar esse tempo dormindo?!?!?! Afinal,  dormir é só o que desejo nos últimos tempos.

O dia está lindo lá fora e eu deveria ter vontade de viver o que está lá. Mas penso na trabalheira disso e a vontade em estar no aconchego de minha cama retorna. Viver é coisa de uma trabalheira, né?! Tantas coisas a fazer e sempre parece assim: ter sempre algo em atraso a fazer.

Em meio a este estado anestésico e incômodo resolvi perambular por algum dos milhões de blogs que tenho em meus favoritos do Explorer e não é que caio em um maldito texto sobre a teoria marxista?!

 

O mundo só existe para o animal como deglutição, consumo, objeto de desgaste e destruição – a busca da repetição incessante desse mundo faz da sobrevivência seu campo de realização.

 

Só o homo sapiens sabe que vai morrer. Então, para ele, não faz nenhum sentido que o mundo seja apenas a incessante repetição da busca por comer e copular. Ele não pode mais deixar que lhe passe com indiferença a existência que lhe resta: só quem tem consciência da proximidade crescente da morte é capaz de estabelecer a vida como sua esfera de existência.

 

O homem inventa o arco e a flecha para não ter que passar o resto da vida correndo sem parar atrás da comida. Ele precisa cantar, dançar, brincar, conversar, inventar, imaginar, pensar, em suma, ele precisa transformar o mundo de maneira que deixe de meramente sobreviver e passe a viver. Ele precisa fazer do mundo um lugar bonito, musical, gostoso e aconchegante onde ele não precise mais brigar por comida, onde ele possa encontrar seus amigos e mostrar para eles seus inventos, danças, músicas, pensamentos, brincadeiras e conhecer o que seus amigos têm de novo, para que, juntos, possam transformar novamente o mundo num lugar onde tudo isso possa se realizar.

 

No blog em que recolhi o exerto acima– Café Moçambique, alegam ser o texto anonimo. É claro que, como já iniciada na teoria marxista e em um monte de outras tantas, não deveria haver qualquer espanto, ou estranhase na leitura deste tipo de texto. Mas como não pensar no estado de prostração a que me confinei nos últimos tempos? Eu trabalho para viver, mas vem final de semana, vem feriado, vem férias e só o que quero é dormir?

Resolvi voltar a escrever. Nem que seja qualquer coisa. Q.U.A.L.Q.U.E.R C.O.I.S.A! Este cérebro, estas ansiedades, todas as trivialidades que esta caichola habitam necessitam voltar a serem registradas: preciso de uma prova cabal de que ainda estou viva...