quarta-feira, 25 de abril de 2012

Perfurações íntimas

III

Coloquei tudo em uma mala

Decidida a nos incendiar

Eu tinha muitas escolhas

Desamar violentamente

Ou

Despedaçar  uma a uma

nossas lembranças

Fomos sociopatas profissionais

barbarismos cotidianos

Eu te rasguei muitas vezes

mas a carne decepada foi a minha

Choveu

Você não soube

de raiva eu te omiti

Houve tempestades

Vendavais

Mas em cada palavra minha

O fel aos pingos

 A dor a conta gotas

Em cada dor,

Novos  oceanos

Pari para dentro

Um amor ao contrário

e a cada nascimento

agüentar calada

Rebentar as visceras

Flagelei todas as nossas memórias

e agora

carrego só

essa enxurrada de afetos mutilados

À espera

de um dia de sol.

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