sexta-feira, 14 de junho de 2013

Mea Culpa


Semana cansativa, acelerada, como se eu tivesse entrado em uma montanha russa e estive em um eterno looping. A cidade ferveu, eu fervi, e do alto de meu castelo de vidro ainda sim fui atingida de todos os lados. Informações mil, responsabilidades idem. Eu tinha que escrever sobre muitas coisas, sobre o texto passado, sobre estética, sobre esperança. Mas só consegui repassar informações sobre outras coisas. Um bombardeio delas. Eu teria uma lista de textos para postar aqui caso quisesse abarcar tudo. Mas o que me impressionou nesta semana foram: a esperança de que algo aconteça; que a mídia e as pessoas ainda podem mudar de opinião sobre algo; e o extremo contrário: a raiva que as pessoas têm de quem quer mudar alguma coisa.
Eu não vou entrar no mérito da questão das manifestações desta semana em São Paulo. Quem quiser saber o meu posicionamento, favor ler os textos aqui. A questão é: não sabemos debater – e, por isso, o mea culpa com relação ao texto anterior no qual ao invés de bater nas ideias, bati nas pessoas.
Observo que as redes sociais podem servir entre outras coisas como mero reflexo opaco de egos, de quem não quer nada que não confirme sua opinião (não é o caso dos meus amigos, deixo claro!). Por onde li comentários de textos, vi que as pessoas não leem as informações que têm acesso, não querem discutir argumentos e rede social é só para “se exibir”, um retrato estagnado de monólogos vazios. Ninguém quer sair de seu umbigo. Um amigo querido temeu, frente a comentários que postei em discordância a seu ponto de vista. Uma pessoa extremamente gentil, pois veio validar comigo se eu “havia ficado brava”. Eu não fico brava e acho que ninguém deveria. Deveríamos poder debater pontos de vista discordantes com naturalidade. Eu o entendo, contudo, pois o correto não é  o real e ele se preocupou que eu levasse para outras esferas a impressão que tenho dele. Gentil preocupação. Vejo que muitas pessoas não têm o trabalho de analisar o argumento contrário, apenas classificar como X, Y, ou Z. Estão apenas gritando e nunca ouvindo.
Em um país recém saído de uma ditadura, e, que, considero, ainda não está em uma democracia, não sabemos debater. Não aprendemos. Não sabemos verificar fontes, nem ler sobre o assunto que opinamos de vários pontos de vista, levamos para o profissional o pessoal e vice-versa, não sabemos ler, nem ouvir, estamos com preguiça. E, dessa forma, é impossível estabelecermos uma democracia, um ambiente de paz real (diferente da pax romana) sem o principio de alteridade.  Uma pessoa é um universo de ideias, e uma não anula a outra, e nada dá o direito a se anular uma pessoa.
E com relação às manifestações sobre as tarifas de ônibus, o resumo do que eu penso é: é constitucional o direito de protesto, independente da validade. Enquanto não aprendermos a respeitar quem sai nas ruas e fazermos isso de forma civilizada, nem que seja pela proteção dos ualas cor de rosa, da cor do peão nos jogos  de xadrez, das questões menores, as sem importância a nós, não saberemos sair nas ruas pelas outras coisas. Quem escolhe a validade de uma manifestação e com base em quê? Aí é que está. O Estado acha que o que o atinge não é valido, por exemplo, a manifestação para baixar as tarifas e greve de professores (em várias manifestações de greve de professores a polícia também desceu o cacete). A Igreja acha que Marcha das  Vadias é caso de polícia. Já o movimento “Cansei” acha que a democracia é caso de polícia. Aí é que está: quem escolhe o parâmetro para se fazer uma manifestação? Precisamos criar uma cultura de sair na rua por tudo mesmo, mostrar ao Estado quem manda aqui, que as pessoas estão atentas. Enfim, o resto do que eu penso, está de acordo com o que foi publicado no link citado. E, por favor: o seu direito de ir e vir não é mais importante do que o meu direito de achar que ele passa por cima do meu direito de ir e vir.              

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