Semana cansativa, acelerada, como se eu tivesse entrado em
uma montanha russa e estive em um eterno looping. A cidade ferveu, eu fervi, e do
alto de meu castelo de vidro ainda sim fui atingida de todos os lados. Informações
mil, responsabilidades idem. Eu tinha que escrever sobre muitas coisas, sobre o
texto passado, sobre estética, sobre esperança. Mas só consegui repassar
informações sobre outras coisas. Um bombardeio delas. Eu teria uma lista de
textos para postar aqui caso quisesse abarcar tudo. Mas o que me impressionou
nesta semana foram: a esperança de que algo aconteça; que a mídia e as pessoas ainda
podem mudar de opinião sobre algo; e o extremo contrário: a raiva que as
pessoas têm de quem quer mudar alguma coisa.
Eu não vou entrar no mérito da questão das manifestações desta
semana em São Paulo. Quem quiser saber o meu posicionamento, favor ler os
textos aqui. A questão é: não sabemos debater – e, por isso, o mea culpa com relação ao texto anterior
no qual ao invés de bater nas ideias, bati nas pessoas.
Observo que as redes sociais podem servir entre outras
coisas como mero reflexo opaco de egos, de quem não quer nada que não confirme
sua opinião (não é o caso dos meus amigos, deixo claro!). Por onde li
comentários de textos, vi que as pessoas não leem as informações que têm acesso,
não querem discutir argumentos e rede social é só para “se exibir”, um retrato
estagnado de monólogos vazios. Ninguém quer sair de seu umbigo. Um amigo
querido temeu, frente a comentários que postei em discordância a seu ponto de
vista. Uma pessoa extremamente gentil, pois veio validar comigo se eu “havia
ficado brava”. Eu não fico brava e acho que ninguém deveria. Deveríamos poder
debater pontos de vista discordantes com naturalidade. Eu o entendo, contudo,
pois o correto não é o real e ele se
preocupou que eu levasse para outras esferas a impressão que tenho dele. Gentil
preocupação. Vejo que muitas pessoas não têm o trabalho de analisar o argumento
contrário, apenas classificar como X, Y, ou Z. Estão apenas gritando e nunca
ouvindo.
Em um país recém saído de uma ditadura, e, que, considero,
ainda não está em uma democracia, não sabemos debater. Não aprendemos. Não
sabemos verificar fontes, nem ler sobre o assunto que opinamos de vários pontos
de vista, levamos para o profissional o pessoal e vice-versa, não sabemos ler,
nem ouvir, estamos com preguiça. E, dessa forma, é impossível estabelecermos
uma democracia, um ambiente de paz real (diferente da pax romana) sem o
principio de alteridade. Uma pessoa é um
universo de ideias, e uma não anula a outra, e nada dá o direito a se anular
uma pessoa.
E com relação às manifestações sobre as tarifas de ônibus, o
resumo do que eu penso é: é constitucional o direito de protesto, independente
da validade. Enquanto não aprendermos a respeitar quem sai nas ruas e fazermos
isso de forma civilizada, nem que seja pela proteção dos ualas cor de rosa, da
cor do peão nos jogos de xadrez, das
questões menores, as sem importância a nós, não saberemos sair nas ruas pelas
outras coisas. Quem escolhe a validade de uma manifestação e com base em quê? Aí
é que está. O Estado acha que o que o atinge não é valido, por exemplo, a
manifestação para baixar as tarifas e greve de professores (em várias
manifestações de greve de professores a polícia também desceu o cacete). A
Igreja acha que Marcha das Vadias é caso
de polícia. Já o movimento “Cansei” acha que a democracia é caso de polícia. Aí
é que está: quem escolhe o parâmetro para se fazer uma manifestação? Precisamos
criar uma cultura de sair na rua por tudo mesmo, mostrar ao Estado quem manda
aqui, que as pessoas estão atentas. Enfim, o resto do que eu penso, está de
acordo com o que foi publicado no link citado. E, por favor: o seu direito de
ir e vir não é mais importante do que o meu direito de achar que
ele passa por cima do meu direito de ir e vir.
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