segunda-feira, 9 de junho de 2008

Projeto falho.

Já é de algum tempo que, exceto pelas trivialidades muito bem alongadas, maquiladas e enfeitadas por esta medíocre blogueira, enxergo que o projeto de escrita estipulado a esse espaço não é realizado da maneira como o havia idealizado. Talvez, que ele não seja praticável, mas essa é uma outra questão e poderia dar respaldo a mais um escape hipócrita.

Não é que o que eu tenha aqui declarado não seguisse em seu conteúdo ao que eu havia me comprometido. Não é isso! A lacuna reside em outro lugar. Refiro-me ao que daqui eu omito.

Se a idéia inicial era a de reflexões transpassadas por uma autocrítica que atravessasse de maneira mordaz ao que se esconde atrás das máscaras que visto, então devo afirmar: o projeto é falho.

Há muita coisa que escondo. Não me refiro àquilo que oculto por privacidade. Ou às coisas que reservei a somente serem ditas pessoalmente, a quem interessa, porque as expor nestas linhas seria roubar palavras, gestos e demonstrações afetivas de quem a se destinam verdadeiramente. O meu olhar neste momento se volta ao que omito por vergonha...

Não creio que o ser humano seja completamente mesquinho, medíocre e sórdido como às vezes me apetece concluir. Um suicida poderia dizer isso com alguma sinceridade (se não estivesse morto, é lógico!). Além dele, declarar acreditar neste tipo de caracterização, ou é hipocrisia ou é estar a caminho para o suicídio. Ainda sim, não poderia ser absolutamente sincero, pois, para tanto, o suicida não poderia ter sido capaz amar ou de ter amado, ou ainda, de ter alimentado qualquer tipo de afetividade por um outro ser humano  ou mesmo por si (ou seria possível amar ao que se tem asco?). Me incomoda muita a hipocrisia que este discursinho niilista carrega.

Mas há sim um lado (e não todos os lados!) sórdido, mesquinho e medíocre e que inclusive alavanca grandes atos e feitos, projetos brilhantes e geniais, que dão respaldo a muito da bondade que a nossa volta testemunhamos e admiramos. Me apoio para tal afirmação nos ecos que ouço de meu umbigo.

Caro leitor (não, não mais te nego a existência!), peço desculpas (embora a falsa modéstia tanto me enoje!) por tão medíocres reflexões. Mas se a ti forem descartáveis, a mim ainda me servem e por isso a necessidade de sua escrita.

Neste momento, não irei de forma cartatica descer uma lista com as deformidades interiores a que me presto e nem descrever em que medida impregnam as relações que estabeleço e as ações diárias que executo. Mas posso declarar: sou demagoga, passiva e boa parte das empreitadas bem sucedidas que saem dessa cachola foram movidas pela vaidade e pelo hedonismo. Creio até mesmo que este texto seja movido por alguma dessas características. E o pior: ainda não consegui desmembrar a nenhuma das ideologias que alimentam a tais...impulsividades. Se arranho algo nas escrituras que realizo neste espaço, nada interferem em minhas ações. E se sigo em frente, é porque tenho esperanças de que algo esteja corroendo aos poucos, e que por isso talvez seja um ponto cego para mim. 

I´m so sorry, my friends! Embaralhei as idéias e terei de parar por aqui. É muito difícil escrever para si sem deixar que a sombra do outro interfira na reflexão.      

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