sexta-feira, 14 de novembro de 2008

Crescer dói

Eu sei que não é a primeira vez que digo isso, mas como a maioria dos seres humanos, eu também sou repetitiva. Repito as piadas, dramatizo onde talvez nem haja tanto drama. Mas, sabe o que é? É que só tenho vinte e quatro anos e a impressão que tenho é a de que já tenho que escolher quase vida inteira. Daí os ombros pesam e o medo do passo em falso me faz sofrer de véspera. Ainda mais quando não se está só. Quando se atravessa a vida segurando a mão de alguém que tanto ama. Desculpa, mas hoje serei clichê.

Há alguns minutos atrás soube que terei de escolher entre a Academia ou o meu emprego. E isso é muito mais do que só isso. A vida acadêmica é algo muito além de meu Mestrado: é também a minha casa, a escola do meu filho, a minha independência... E o meu trabalho? O ganha pão, a chance de ter um salário decente e a segurança de não ter de depender da mesquinharia das retribuições da Universidade: a bolsa de estudos de fome (quando eles dão, né?), a intromissão da Coseas em nossa vida e a insegurança de um futuro sem dinheiro, sem convenio médico, sem INSS, sem casa, sem carro, sem escolha.

Citar o quesito dinheiro na Academia é pecado, não é? (risos secos!). E o aspirante a intelectual ou tem de nascer em berço de ouro, ou fazer fotossíntese (nem mesmo risos secos). Gritaria à parte, apenas para dizer que a vida, muitas vezes, nos coloca escolhas cujos critérios estão lá em baixo, na escolha do prato de comida, no teto para morar, no grau de dependência que se quer ter, ao res do chão. Bem mais feio do que o discurso de amor ao conhecimento que se divulga por aí. A escolha entre um modo de vida pautado pelo cinismo ou pela ironia. I don´t know... I don´t know...    

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