Escrever. Por quê escrevo? Por
vaidade? Por falta ou excesso de discernimento? Para falar sobre o que sinto?
Um pouco de tudo isso, contudo é mais. Quando escrevo (bem ou mal, tanto faz!)
há, sim, algo de mim ali. Porém, fosse apenas sobre falar de mim, não haveria
sentido. Somente eu consigo compreender o que sinto e só a mim isso interessa.
Há algo de mim no que escrevo, confesso. Mas há também algo de ti. De ti e de
uma outra. Para escrever sobre minha peculiar visão de mundo eu necessito
traduzi-la para ti em uma linguagem que é minha e é sua também. Sou eu ali e
também uma outra. Um sincero fingimento. Quando escrevo, caminho para ti e te
misturo ao que sou. Para que me entendas, preciso passar-me um pouco por você.
E ser outra. Que se finge e não mente. Carrego nesse ato um pedaço de ti
misturado ao que sou, faço uma terceira pessoa e nisso renasço. Já uma Outra,
que também sou eu. Só que contigo em mim, infinitamente indissociável de mim. E
para sempre. É esse o motivo. A linguagem como meu ato mais corajoso de amor
por ti. Morrer um pouco do que sou, para misturada em ti, nascer e te amar
nessa minha pequena morte de cada linha.
Muito bonito e forte. Linguagem como nascimento, mistura, morte. Na escrita encontra-se o eu e o coletivo; a estranha sensação de que a solidão - tão pessoal - pode ser compartilhada.
ResponderExcluirÉ muito amor a vida.
Obrigada pelo "muito bonito e forte"! Se assim o for, com certeza é porque tu é um dos que estão misturados a essas linhas.
ExcluirObrigada pela leitura e pelo comentário.
Abraços.