quarta-feira, 28 de agosto de 2013

A valsa


Um pra lá e dois pra cá, meu pai ensinava. Ou tentava. Era começo de 1997 e eu havia acabado de pedir ao meu pai se ele poderia pagar a minha formatura da oitava série. Para mim, um evento importantíssimo. Para o meu pai, caro. Então, vendo meu semblante cinza diante da incerteza de sua resposta, pegou-me pelos braços, a distrair-me, e começou: “um pra lá e dois pra cá, tem que saber dançar valsa..”
Um ano depois ele se foi, não houve formatura.

Gabriel e eu as vezes dançamos juntos.  Ele fez teatro no Circo Escola e sabe dançar bem. Danças de roda, dança de rua, danças de crianças. Liguei a música e o convidei a dançar. Para minha surpresa, ele havia aprendido na escola – embora não soubesse o nome ...
- Mãe, é um passo grande pra lá e agora dois. 
A mãe era a filha. Duas pontas em um nó do Tempo.
Eu não aprendi a valsar ainda. Nem a ser mãe por completo: eu as vezes sou a filha aprendendo a dançar valsa. Só que agora, do começo.      

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