Em meu aniversário de 15 anos, em uma pizzaria de São Miguel
Paulista, minhas amigas de adolescência
(oi, Fernanda!) resolveram fazer uma surpresa. Subiram ao palco do restaurante
e falaram coisas maravilhosas sobre mim, sobre nossa amizade. E choraram. E eu
ali, sorrindo, seca e distante, embora feliz. Fazia um ano que eu havia perdido meu
pai e aquilo havia me secado as córneas, ressequido toda a umidade da infância,
apodrido até mesmo o sal de minhas lágrimas. Eu então precisava sorrir, precisava
ler livros, precisava fazer mil cursos e causos, precisava me distanciar do que
não entendia. E o choro de alegria pedido pela ocasião nunca viria a acontecer,
para frustração de todos ali.
No dia 20 de março de 2006, às 22h10, na maternidade Pro Matre
Paulista, aos 21 anos de idade, ainda recém saída da adolescência, ranzinza,
sem paciência com crianças, louca de pavor de cirurgias (péssimo histórico e
uma cicatriz horrível na perna), eis que, pela primeira vez eu soube: estar tão
feliz que a única reação que se tem é chorar. Aberta e sem fôlego (o bebê
apertava-me os órgãos), eu chovia em
meio a um sol noturno. Não houve discursos. Apenas um choro, choro-tempestade, choro-tufão,
forte o suficiente para molhar o que há tanto permanecia seco.
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