quinta-feira, 17 de julho de 2014

De Medusa a Zeus


Todos os homens querem meu cu
os corados, os calcados, os recalcados e os requintados.
Todos os homens querem meu cu
os trotskistas, os artistas, os skatistas e os feministas
Todos  os homens querem meu cu
E citam Foucault, citam Catulo, citam Drummond e até Rimbaud...
Mas o que todos querem é meu cu
para eu não ser moralista,
para eu ser a grande foda de SUA vida,
para eu ser a pervertida
para eu ser fetichista.
Que tem antropólogo que diz que é subversão
Que tem Psicanálise que prova que só é tabu e é bom
Que tem filósofo que diz que bom mesmo é gostar de ser  a exceção
Mas chupar boceta nenhum deles defende não!

E vagina é coisa de mulher reprimida
E clitóris coisa de virgem descabida
E do MEU prazer sabe Ele muito bem
Estudioso que é de discurso e depravação
Sodoma e Gomorra
SEU tesão!
Que ali é mais apertadinho  
e a seco o sexo é mais safadinho...
E orgasmo?
Esse talvez desencarnado?!
É só não doer se penetrado
E é só sangrar o esperado
Cala a boca! Não para não!
E se não sinto, Freud diz que é desejo incontido
E se machucar, é ignorar, preocupação com isso é higienismo
E se não gozar, espera outra vez, mulher nem sabe direito o que é gozo, frigidez e paranoia,
nem faz sentido!

E me fodem selvagemente
Os mais intelectuais, me fodem até metaforicamente
Mas fodem BEM MESMO é politicamente...
E foda boa não é o que EU sinto,
Foda boa é sim a SUA poesia sadomasoquista
e lírica....

E me fodem conceitualmente
E me fodem repetidamente
E me fodem e me fodem e me fodem
CINICAMENTE...

Todos os homens querem meu cu
já que, se eu não gozo, sou moralista
já que, se eu não gozo, não sou a grande foda da sua vida
já que, se eu não gozo, não sou suficientemente pervertida
E justo eu que li Foucault?!
E justo eu que li Catulo?!
E justo eu que li Drummond?!
O problema mesmo
é que não li Rimbaud!!!

E já que não gozo
Do Teatro Grego, máscara de Medusa e  boa rima
Gemo alto ainda que arredia:
“que nem nos filmes pornôs, Amor,
hoje sou sua putinha!”
trepada de cu e merda
e ferida e
fingida
a arte de ser estuprada
mas academicamente de cabeça erguida

Esse é meu canto AOS de sempre
delicadeza
de poeta sem corpo
vazo de esperma dos que se elegem Deuses.     

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