sábado, 30 de maio de 2015

E ela disse

E então ele dissera, com seu proselitismo arcaico, que tinha muitas coisas para ensinar.
E de suas mãos jorraram todas as nuances de preconceitos e rigidezes. Era velho e achava que automaticamente isso fazia dele um sábio.
Mas o que será dos velhos quando virarmos as costas para eles, pois tudo o que acham que teriam para ensinar não se aplica ao nosso veloz mundo de acendências e escritas de luz que em nada se interessam por rasuras e fixações?  A experiência que nada vale se escura e com contornos que não deciframos… E que a sabedoria que teriam como arma na manga já está desativada. Já não é possível esconder que  foi exatamente ela quem construiu o aterrar ainda vivos de todos os veios e veias vasculares interrompidos de muros? da cidade, da carne… A experiência só poderia nos interessar enquanto nostalgia. Aos mais sensíveis, enquanto memória. Para isso, meus queridos velhos, é preciso ter vivido suas experiências e não apenas estar num canto da foto enquanto todos pulam no rio.
Querida Vanessa Yara, essa é uma carta da jovem Vanessa Yara para a velha (idosa não, que acho um termo fraco e patológico) Vanessa Yara. Ser a que pula nos rios, arrebenta barragens, retorna à carne. 

Ou a promessa em não ter a hipocrisia de usar couraça envelhecida como carimbo de sapiência das experiências que não vivi.   

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