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domingo, 12 de agosto de 2012

Plagios íntimos

Teoricamente, este espaço deveria ser apenas a coisas escritas por mim.
E já li muitos textos os quais falam sobre o que sinto, com tamanha intimidade, que, quase poderia assiná-los. Mas o texto que coloco abaixo, em especial, além da inveja de não tê-lo escrito, fala sobre mim e de uma maneira tão íntima,  que me senti plagiada...rsrs!

"Odalisca andróide

Eu estou sempre aqui, olhando pela janela. Não vejo arranhões no céu nem discos voadores.
Os céus estão explorados, mas vazios. Existe um biombo de ossos perto daqui. Eu acho que estou meio sangrando. Eu já sei, não prec
isa me dizer. Eu sou um fragmento gótico. Eu sou um castelo projetado. Eu sou um slide no meio do deserto. Eu sempre quis ser isso mesmo. Uma adolescente nua, que nunca viu discos voadores, e que acaba capturada por um trovador de fala cinematográfica. Eu sempre quis isso mesmo: armar hieróglifos com pedaços de tudo, restos de filmes, gestos de rua, gravações de rádio, fragmentos de tv.
Mas eu sei que os meus lábios são transmutação de alguma coisa planetária. Quando eu beijo eu improviso mundos molhados. Aciono gametas guardados. Eu sou a transmutação de alguma coisa eletrônica. Uma notícia de saturno esquecida, uma pulseira de temperaturas, um manequim mutilado, uma odalisca andróide que tinha uma grande dor, que improvisou com restos de cinema e com seu amor, um disco voador. 

Fragmentos do texto Disco Voador do Fausto Fawcett

quarta-feira, 4 de julho de 2012

Embaraço no peito

A vida na berlinda.

Rima melindra,

síntese tímida,

do temor que não rima,

mas bate em meu peito.

 

No meu destino, mora um saci.  

segunda-feira, 11 de junho de 2012

Adagas

Faca de dois gumes,


eu beijo o espelho e ele não me corta.


O reflexo ali não é o meu.


Não me corta, mas me atravessa. 

sexta-feira, 18 de maio de 2012

Tempo seco

Há tempos em que a gente

deserta

a alma seca

afluente por afluente 

as veias estanques e ainda sim abertas


Há tempos de desesperança

a cada passo pisado, a cada marca de pé no limo

a boca seca 

a tentação de enfiar goela a baixo

o que resta de lama úmida

ilusão de um gole de água.


Eu tenho uma colcha em flagelos 

farelos

sonhos 

a ponta da meada já esquecida do nó de seu enredo


Mas encosto aos lábios um pouco de barro

e em cada veia de meus áridos córregos

o sangue a insistir na procura de velhas vias

nascentes não cicatrizadas 

distraído nos rodilhos de seus enleios


A colcha segue  

esburacos

A secura segue 

o redesenho de seus veios

E o meu destino segue 

o corte

no embaraço de um o fio úmido 

o corpo segue 

a vida

alma 

abaixo

o seio em torções

coxeia

labirinto

gauche 

alumbramentos

de uma enxurrada de pontas

as linhas em gotejo.