Há tempos em que a gente
deserta
a alma seca
afluente por afluente
as veias estanques e ainda sim abertas
Há tempos de desesperança
a cada passo pisado, a cada marca de pé no limo
a boca seca
a tentação de enfiar goela a baixo
o que resta de lama úmida
ilusão de um gole de água.
Eu tenho uma colcha em flagelos
farelos
sonhos
a ponta da meada já esquecida do nó de seu enredo
Mas encosto aos lábios um pouco de barro
e em cada veia de meus áridos córregos
o sangue a insistir na procura de velhas vias
nascentes não cicatrizadas
distraído nos rodilhos de seus enleios
A colcha segue
esburacos
A secura segue
o redesenho de seus veios
E o meu destino segue
o corte
no embaraço de um o fio úmido
o corpo segue
a vida
alma
abaixo
o seio em torções
coxeia
labirinto
gauche
alumbramentos
de uma enxurrada de pontas
as linhas em gotejo.
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