sexta-feira, 11 de janeiro de 2008

Da maldade necessária

Olá querido blog! Quanto tempo!!!

Faz um bom período que não escrevo nenhuma de minhas aporrinhações de viver neste espaço. Talvez tenha ficado mais difícil de escrever depois que soube que tem mais desocupados do que eu imaginava freqüentando os dejetos das minhocas que ocupam esta minha cabecinha. Putz, está difícil de começar!!!

Escreverei assim sob o teto da ilusão de estar falando sozinha. Fica mais fácil já que, por enquanto, somos apenas eu, o Word e os meus fones de ouvido .

Há algum tempo que algumas de minhas ações me emperram a felicidade de viver. Mais que sentimentos, eu classificaria, à luz do que refleti no meu curto período de férias, um instinto nefasto. É o que apelidei de “minha bondade inerente”. Tentarei ser mais clara.

Certa vez, ao assistir um dos Cafés Filosóficos da Cultura, vi um psicólogo palestrando sobre relações amorosas de servidão. Seriam relações em que necessariamente houvesse um dominador e um dominado. O “malzinho” que abusa da bondade de seu companheiro ultra-bonzinho o qual perdoa a tudo com a tolerância em que nem Jesus perdoaria.

Ao contrário do que se poderia supor, o professor esclarece o quanto este tipo de relação extremista também era conveniente ao protagonista da história: “o bonzinho”. Segundo sua análise, é sempre mais fácil estabelecer comparação moral com quem te abusa, à se responsabilizar por seus desejos  e suas maldades. É também prazeroso de pensar “Nossa! Como eu sou bonzinho! Como eu sou caridoso! Como seu ou tolerante! Como eu sou superior!!!Como eu sou....como sou!!!”

Eu não acredito em ex-católico. Uma vez católico, católico sempre!!! Comecei a pensar que essa minha bondade irritante é um daqueles resquícios do cristianismo que ficam na gente mesmo quando já o tenhamos abandonado. No meu caso, uma bondade besta!

Mas, Graças a Deus, o diabo é que é bom de cama! Eu sou maldosa...bem maldosa!!! Maldosa, Graças a Deus!

É com esse sentimento de perversidade que eu cheguei a uma postura já defendida pela personagem Luisa, do Érico Veríssimo: bondoso, todos conseguem ser. Difícil é ser maldoso!!! Eu parafrasearia como: bondade em demasiado é...irritante!!!

A maldade é necessária! Ou pelo menos, em certos momentos me convém...e deve ser assumida sem culpa! Enquanto socorria minha amiga Sonia de um ataque alérgico, sentimentos muito maldosos me apeteceram de diversas maneiras. Não com relação a ela, mas com relação ao “anjo de candura” que me ajudava a socorrê-la. Como aquele ser me irritou. Tive culpa por alguns instantes. Mas aí, eis que veio a redenção...

O desgraçado que tão servilmente ajudava a socorrer minha amiga não parava de falar asneiras um minuto sequer. Aquelas frases de apoio, aquela imbecialização paternalista. Para citar apenas uma de suas pérolas, em certa altura dos acontecimentos eis que o "ser" me defende que, estando ele em condição de homem, não fazia mais que a obrigação em proteger duas (sim, porque mesmo eu não sendo vitima de nenhum acometimento, acabei por me tornar uma por extensão!) meninas indefesas e a perigo do mundo. Quase estraçalhei sua massa encefálica ao me ORDENAR que subisse a calçada ao invés de andar pela rua.

Talvez esse meu sentimento de ódio seja calcado pelo desejo de punição, um outro lado da moeda dos mesmos resquícios de meu cristianismo cujo um bom paralelo seria o mesmo instinto que fez com que os "bondosos" sacerdotes enviassem seus opositores pagãos às fogueiras da inquisição. Mas viva a licença poética que reside no delicioso respaldo da palavra “talvez”!

Creio ter me empolgado com a idéia e descarrilado a critica do texto. Mas o que pretendo com uma mudança de postura como essa é me retirar, e deixo claro que sou eu mesma o objeto e o agente da ação, do pedestal em que me amarrei. Peneirar minha passividade. Ter coragem de desapontar aos simulacros que me impõem; ter coragem de desapontar as expectativas decorrentes de tais simulacros. Não ser o que esperavam de mim e ainda não me sentir culpada por isso.       

  

 

 

2 comentários:

  1. "A vida é muito curta para nos preocuparmos com o que os outros pensam sobre nós". Infelizmente, não sou o autor dessa frase, mas a questão é essa: eu sou eu, ou apenas sou o que os outros desejam que eu seja? Há muitos outros desdobramentos nessa questão, que discutirei em outra ocasião. Vai ser pancadaria da grossa (não com você, que só merece uns tapinhas...), já que só a maldade resolve...

    Enfim, como eu vi em uma traseira de caminhão. "falar de mim é fácil, difícil é ser eu". Bjos

    ResponderExcluir
  2. Tapa de amor não dói...rsrs. Mas cuidado pq dou a cara a tapa. Mas só uma das faces!

    ResponderExcluir