Em meus lábios
nenhuma metafísica
nenhum caos dadaísta
nenhuma abstração
improvável.
(sempre
prováveis)
Para sabê-los
basta
apenas
tê-los
basta apenas
olhá-los
basta
francamente
tocá-los
experimentá-los...
Em meus lábios
o acesso é
sem sinuosa
aporia
sem nenhuma
tonta teoria
e tantas
vezes
sem sequer
qualquer
indumentária
máscara
farsa
tarja
só
nua pulsão atávica.
Em meus lábios
a saliva é a saliva e se
por acaso
ávido sentires
lancinante
lassidão
não é tão pouco
a Razão
a razão de celestiais babas
de meus lábios
de TODOS os meus lábios
laços
cárneos
feitos e refeitos
na experimentação
mastigação
de seus esfomeados.
E em meus lábios
a língua lambe
o que em outro se espelha
e da imagem
pouco quer
e interpreta
O que procuram mesmo
é o que na semelhança
se acaricia
languida lambida
E morrem
em ato
no que se regeneram
no que se tateiam
no que se remedeiam
satisfeitos
úmidos e fartos
alagados.
Em meus lábios
é a carne e a saliva
sem nenhuma metafisica
sem nenhuma
tonta teoria
- neles e por eles
(nos seus e pelos seus)
a poesia morre
em seus encontros
físicos
ínfimos
ao nascer de um beijo
na mistura de entremeios
- e nisso é o que é
e é no que passa a
sê-los:
lábios
sendo
lábios
meus
e
nossos
lábios.
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