segunda-feira, 16 de junho de 2014

O combinado não sai...


Essa semana, ao ler e pensar tantos temas sobre Amor, relembrei que há dois anos chamei na xinxa  o meu Destino e combinamos que até por volta dos meus trinta e três de idade eu só quereria afetos. Amores, eu passava, que meu coração precisava estar um tempo em sereno e o desejo de mais exposição, variação. As vezes, eu quase volto atrás. Principalmente quando minha vida está em dor de parto, nascimento  e revolução. Dá uma vontade enorme de pedir uma mão, uma mão fixa, de alguém que, como um anjo, puxe-me pelo braço e diga “vem, Yara, eu te ajudo de agora em diante. Tó um cafuné pra você se acalmar.”. Daí eu lembro que mais rápido é pedir ajuda aos amigos.  Que mais rápido é eu aprender a ser aquilo que o destino me rabiscou em lua e signo: ser duas. Ser a que organiza e a que desorganiza. A que resolve a pintura da casa e arruma a cama. A que é a boêmia e do lar. A que vai ter de aprender a dirigir pra levar menino na escola e trabalhar em mil empregos. Para o quê não conseguir só, poder bancar. A feminista, a foucaultiana, a deleuziana. A que carrega um bambolê, em caso de precisão do lúdico. A que luta e que descansa. A que escreve e é escrita... Dá um medo. Mas trato é trato, senhor Destino! Que aprendi a num arredar pé de meus desígnios.  Aos afetos, aos mais lindos afetos, a janela estará sempre aberta, assim como se deve deixar aberta a vidraça caso se queira apreciar o belo do pôr do sol. Ademais, eu passo. E amor, aqui, a quem o ler, é extenso no espectro e vago na incidência.  A escrita aqui é profusa no amor,  opaca no objeto, dúbia na autoria, mas sempre vermelha na refração. O vermelho que em mim, conforme combinado, não poderá ter nada do que amor denote e tão somente o  que do sangue me escorre. Qual o malandro do morro, que em todo canto tem um doce e uma cama asseada à sua espera, serei a poeta que não ama e escreve. Mentir é algo que já tenho intimidade. Todas as eus.  A que ama e desama e reama em mesmo ato.  A que escreve no que se escreve pelo Outro. E só ao Outro apaga. Nascendo dos rabiscos desse Outro ao que permaneço sobrescrita.  

Nenhum comentário:

Postar um comentário