Tempo de absoluta depuração.
Tempo em que não se diz mais: meu amor.
Porque o amor resultou inútil.
E os olhos não choram.
E as mãos tecem apenas o rude trabalho.
E o coração está seco.”
Eu, aqui, nessa cadeira
olhos
à tela,
paródia de infinito.
Distraio-me
e, por um instante,
percebo nessa caixa morte-vida de pandora
o meu reflexo difuso
misturado
à janela, às arvores, aos pássaros
ao voo...
Eu, aqui, nessa cadeira.
Tenho os pés palmilhados de estrelas
e pegadas que arrastam cicatrizes solares e tatuagens lunares de todos os meus afetos.
Dizem que isso não importa,
que meus pés são mancos,
que estrelas são objetos sem valor,
e o mais feio em mim são essas cicatrizes e essas tatuagens,
vulgares.
Desconfio.
Eu, aqui, nessa cadeira.
De pés que não tocam o chão.
Eu, aqui, nessa cadeira.
Pés amarrados.
Enquanto.
Cicatrizes, tatuagens e estrelas esvoaçam à minha cabeça
Nela fazem ninho
anárquico,
desviam o olhar da tela,
e eu, aqui, nessa cadeira
vejo o reflexo da janela,
que é a janela
e o voo
que é o Voo
De asas tatuadas
cicatrizes minhas.
Eu, aqui, nessa cadeira,
sonho o sonho do voo
coisa vulgar, mas ainda,
um Voo.
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Category: | Books |
Genre: | Other |
Author: | MSM - Movimento dos Sem Mundo |
Rating: | ★★★★★ |
Category: | Books |
Genre: | Arts & Photography |
Author: | Roberto Piva |
O emplastro necessário
trepar em pé
e foder com a solidão
por anônimas mãos
pirataria de amor
mais que perdoada.
E aí graças a Deus...
Quer dizer, Deus é um filho da puta! Tá! Nem sempre.
- Bom, pra você que acredita na presença dele...
Na realidade, Deus é os meus botões.