Primeiro,
o abandono dos sapatos.
Os pés nus,
e a descoberta íntima do chão.
Entender o mundo pelo tato,
e experimentar a firmeza da vida
pelos pés desprotegidos de seus medos.
Depois, no solo desnudo de cimento,
acariciar a terra
e nela reencontrar,
íntima de mim,
os meus pés e o meu firmamento.
Já arraigada, por fim,
redescobrir o corpo
de suas inúteis cobertas.
Olhar por entre as vendas desses panos,
o que do olhar acoberta.
Devolver ao mundo,
os sapatos apertados,
os passos rasgados,
e as cicatrizes
que suas roupas escondiam
enquanto não tinha coragem de me despir.
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