segunda-feira, 25 de março de 2013

25.3.13 - São Paulo


Final de semana cansativo, atrapalhado, confuso, cansativo, cansativo e cansativo! Neste último final de semana, foi a festa de aniversário do meu filho. E eu, em minha morna ingenuidade juvenil, resolvi fazer uma festa com frutas, milho cozido e cachorro quente - bolo e doces no final, nos parabéns. E não fiz uma decoração usual. Escolhi para  a decoração expor fotos dele e nossas, em diversas fases da vida, com pessoas queridas. E optei por suco e cerveja. Por motivos diferentes. O suco para não haver concorrência de paladar com as frutas e a cerveja porque acredito que crianças e adultos deveriam culturalmente ter eventos compartilhados. Mas percebi que quando se resolve fazer algo que não seja uma linha reta você tem de estar preparado para duas coisas: número 1, dar errado; número 2, que pessoas torçam para dar errado. No meu caso, só uma pessoa torceu pelo erro, embora tenha me ajudado também. A pessoa não me interessa tanto quanto os motivos levantados por ela. É sobre os rótulos politicamente correto e politicamente incorreto o que eu quero divagar do imbróglio do final de semana.
A festa foi um sucesso - ou eu acho que foi, nunca sabemos!. Crianças comem frutas (ufa!), comem milho, comem cachorro quente caseiro, comem pedra (!), qualquer coisa que as outras tiverem comendo. Pessoas adultas amam fotos, não amam suco, amam cerveja e amam cachorro quente e milho. A questão, além do trampo de cortar zilhões de frutas e escravizar a minha prima e amigos, é sobre o medo do “politicamente correto”.
As pessoas não têm mais medo de serem conservadoras, machistas, racistas, etc. Elas têm medo mesmo é do “politicamente correto”. Explicarei.
Até tudo ficar pronto eu ouvi as seguintes afirmações: você compra cerveja e não compra refrigerante? Compra cachorro quente e acha que é saudável? Não vai colocar nenhum desenho do gosto dele?
Para além da festa, eu já havia discutido com a mesma pessoa sobre alimentação e sobre outras coisas. Porque sou mãe e, não nego, as vezes moralista, mas me preocupo de meu filho comer pizza cinco vezes numa semana. Será que estou surtando por me preocupar por isso? Acho que não. E porque já fiz festas nos moldes comuns todas as outras vezes e queria algo diferente. Eu conversei com meu filho, ele aceitou, e acho que a opinião dele era o que importava (mesmo que induzida! rsrs!). A mesma pessoa não bebe álcool porque faz mal. E porque passei mal de bebedeira duas vezes num ano a mesma pessoa me classifica de drogada. Porque duas vezes num ano É alcoolismo e pizza cinco vezes na semana é libertário. Não? Ah!   
Eu não me meto no prato de ninguém, na roupa de ninguém, no sexo de ninguém,  e acredito que as pessoas têm útero e esperma para fazerem seus próprios filhos, ou emancipação para adotarem caso não tenham o útero e os espermas. Contudo, chego à conclusão de que a classificação em correto e incorreto, tendo em vista que a vida real vai para além desta classificação bi-polar, está dando um curto na cabeça de todos. Daí o normal-aceito passa a ser o que for consonante com o senso comum  e o que está fora do senso comum é o “politicamente correto”. O “incorreto” é algo sem lugar. Até porque política não se discute, esqueceu?! Já deu tchucho na sua cabeça? Porque na minha já deu!
Assim, a mesma pessoa classifica um vegetariano de radical e diz amar mais aos animais do que aos humanos. Contraditório/a/? Impressão sua, meu caro/a/!
Vamos aos demais moralistas da minha lista. Ou os politicamente incorretos de conveniência, como eu chamaria. Apontar o dedo é um exercício que eu gosto, embora tenha poucos dedos. O que eu proponho: a pessoa quer ser politicamente incorreta? Perfeito. Só exigirei que não peça leite no final. Por que vai ter de criticar também a igreja, vai ter de ter relacionamento aberto e vai ter de encher a cara no bar no bar comigo e ler poesia pornográfica!  Afinal, o denominado politicamente incorreto é o que é subversivo, o que não tem dó de jogar a merda no ventilador e na cruz, seja na esquerda ou na direita, o que é amoral.
Não? Não é isso? Pois é... E como eu sei que os tais politicamente incorretos de conveniência pediriam leite, bem que poderiam fazer o favor de não se meterem no meu suco e na minha cerveja. Eu não me meto nem  no leite, nem na frigidez, nem na performance dos senhores mamíferos e suas digníssimas esposas.
Outro ponto alto de tudo foi a minha mais completa passividade diante de tudo. Eu pedi os parabéns após duas horas de festa na mais completa exaustão de sentidos e já foram tirando a mesa e tudo e quando olhei a festa acabou. Um trabalho dos infernos e duas horas de festa. E tudo sobrando e eu inerte, cansada, sem noção do tempo, do espaço, do meu corpo... E por que me importei tanto em quem ia embora, se eu queria que tudo continuasse é o que me pergunto. E porque permiti retirarem tudo, outra questão. A mesma pessoa que meteu o pau na festa, inclusive. A mesma que escondeu os brigadeiros. Só para deixar registrado o leão-passividade que me escapou vivo desta vez.  O leite que caiu na minha cerveja.  


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