sexta-feira, 14 de março de 2014

Mulheres mirando-se em Atenas


Mulheres
mirando-se em Atenas
nunca precisam esperar
por nenhum marido
força e raça e sei lá mais o quê.
apenas
só de si si precisam,
as Atenas,
e vão dar um rolê coazmigas
afinal, hoje é o seu dia de folga
e ser Atenas só sendo Atenas
e uma cervejinha pesa menos que um escudo

Mulheres mirando-se em Atenas
banham-se em quente leite
derramado pelo meio
de suas próprias
melenas crespas
e quando humilhadas,
apedrejadas,
encoxadas no busão
tratadas
qual seus impotentes rezam:
“falenas!”
não choram
(de imediato),
abaixam-se,
quase ajoelham-se,
e dão uma voadora
(borboletas?)
atrás dos joelhos
bem no meio do orgulho
e raça de suas prepotências
lembrando a eles
que é a cidade quem tem seu nome
e não o contrário
nome de mulher
guerreira

Mirem-se no exemplo

Daquelas mulheres
que qual Atenas
despem sua roupa aos seus queridos
apenas
e violentas
tecem longos bordados em novelo embaraçado
e caricias obscenas
deitadas em rito
livres e sedentas

e em nome das que ainda Helenas
em quarentenas
empenham-se muralhas
 nem um pouco pequenas
e sem dó
com sua força e amor
impõem-se grandes e plenas:
- Sai da frete senão a gente te arrebenta!
e de suas novenas liberta
as falenas, as sirenas, as Helenas
e o orgulho e o pau de quem as desuniu...
comem como petisco de sua cerveja
apenas
afinal
hoje é dia de folga e ser Atenas só sendo Atenas
e uma cervejinha pesa menos que um escudo

Atenas guerreira
orgulho, força e raça
de seu próprio corpo
cidade-fortaleza
mirando-se em si
certeiras.


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