A chuva lava a pele
e escorre
pelo meio
caminho
em nós
e a língua lisa
em nós
alçado
e a língua lisa
é quem inscreve
o beijo crespo
caminho em pelos
por ela enfim
reencontrado
por ela enfim
reencontrado
Do carnaval as cinzas não vingam
não vingam...
pois a quem Colombina
da pele já é veste
para sempre em mim
Carnaval é chuva
eternizada
e se as cinzas secas voariam com o vento
e a quarta-feira chegaria em seu momento
e eu triste a descolorir
ressecamento
ressecamento
não fosse seus dedos
fecundando prenhe
fumegante e quente
o estender
do próprio Tempo
em mim
de ti
a memória
alada
e banhada
e às quartas-cinzas
em pele
só o desporto
Que tu em mim
fez temporal
e se pássaros já
não alçam voo
seguirá em frente
etereamente
meu sonhar em ti
um Arlequim
e as nossas fantasias
novamente
encharcadas
E na rua e na avenida
a chuva à festa só enfeita
e a dança é asa
à pele tesa
É Carnaval, amor!
:
o que de ti em mim
se fez etéreo
agora
aqui
só que em palavras.
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