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Paralisou a Monalisa
É por isso que a boca
Ficou assim no assombro
Indecifrável de um dia.
Um dia, um vampiro
Lambeu a boca
Da Monalisa
(A eternidade é para os imortais)
(Os cabelos vermelhos ocultos
Da Monalisa
Os seios robustos da Monalisa
Os anseios loucos da Monalisa)
Ninguém sabia
Nesse dia, Monalisa, secular,
Me disse toda jocosa:
Seduzi um misterioso
ET lendo shekespeare
Na poltrona da sala
(Eu, olhando para Monalisa, pensei:
Me comoveriam
Os olhos mansos da madona
Não fossem rasos
E apagados ocultos
E cegos para o ardor)
Numa tarde fogosa
Olhei bem para Monalisa
Ela, petrificada, no acaso
De um quadro
(doce prisão de Monalisa)
Suspirou.
Neste dia,
Decifrei o mistério
Gozoso e,
Engolindo um fragmento,
Vomitei um sorriso:
Com toda a mestria
Virei o quadro pelo avesso.
Na traseira da Madona
Estava escrito: mon cherie, mon amour.
(ela tem fogo no rabo!)
Agarrei a frase
Depositei na pia
Deixei vazar
Com calma
Perfurei a bunda da Monalisa
Com um prego
Ela gemeu
E num espamo
Jogou-me os braços
Agarrou-me pelos cabelos.
Enpunhei o punhal na hora certa.
No jornal, o anúncio dizia:
Monalisa decaptada por Jack,
O estripador. Que estrepolia!
Que despudor!
Denise Sampaio Ferraz. Olímpia é graduada em Comunicação Social e é mestre em Teoria da Literatura pela UNESP de São José do Rio Preto (SP)
Fonte: Site da Revista Cult.
http://revistacult.uol.com.br/website/oficinaTexto.asp?edtCode=FFBBE6C1-3D1E-42FF-856B-78D78F77C8C6&nwsCode=D3B163EC-E6C6-4D6A-B559-51D057DA3855
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