terça-feira, 9 de abril de 2013

Eu, a libertipata.


Eu, a mutilada de recortes.
Eu, a que atravessa formas, des-formação.
Eu, a que gozou e pariu apesar das expectativas.
Eu, Bela e fera a se auto-masturbarem.
Eu, a  que cultiva a armadura de vidro e desafia crédula os próprios moinhos de vento.  
Eu, a que tatua asas das próprias feridas e na cicatriz da pele documenta o rastro de seus voos.
Eu, a que morreu de amor, renasceu das cinzas de seu plasma, útero-túmulo de vida e medos.
Eu, sincero paradoxo de afeição e ira, furiosamente a te abraçar.
Eu, a que se orgulha da própria incompletude, à procura de em você, finalmente completa, entender esse querer-te sempre em meu olhar.
Eu, a que profana sisos, sacraliza gemidos e grita silenciosidades.
Eu, pavor e histeria seus.
Eu, a sutileza que estilhaça suas incertas certezidades.
Eu, fênix que arde do próprio fogo e faz das cinzas uma nova vida em sal, doce e desejo.
Eu, pequena Prometéia, que trai ao Pai de puro desvelo.
Eu, o fígado comido de verdades.
Eu, paixão que se esquiva no vão da palavra
e que te ama apesar de nisto morrer-se todo dia
Eu, suicida de mim,
eu, assassina enfim,
eu, a liberdipata*.

Obs: revisão de morfema. 


    
 



   

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