segunda-feira, 1 de abril de 2013

Navalha na carne


O corte da carne
o corte na carne
a navalha escapa
o corpo escapa ao olho
o corpo escapa.

O desejo na carne
reinscreve a linha
e deita ao chão entrelaçado
laminado em meu linho
a forma cresce a curva
a linha em regozijo

A linha lambe o corpo
corta ao meio
o desejo retilíneo
do olho a carne escapa
o desejo lambe a carne
a língua é desejo
a língua é também navalha.

O desenho de seus lábios,
nos labirintos de meus ninhos
E a carne é quem corta a lâmina
a navalha é quem olha o olho
o corpo besuntado de receio
na cama acende e não se engana
o corte não resiste ao movimento
o desejo desata o nó
a navalha não quer o corte,
quer apenas a carne
em úmido morno de almas
inchada e encaixada.  

Ao olho o olhar escapa ,
à boca o gemido ao corpo esquiva
no sinuoso do gume
carne a dentro
escorre em fio úmido
a divina ponta
inchaço de seu retilíneo embaraçado
na ponta da língua
a meada de meus pelos
e em meu mais fundo úmido
o dedo tateia o que a faca embaraça
ao corte a rima perde-se de seu caminho,
mas lambuza a fresta enlouquecida em desalinho.

a lâmina encerra a carne
ao corpo a lima lanha a língua 
no movimento de meus quadris
O corte da carne
o corte na carne
à navalha escapa.

E os corpos
esculpidos em desejo
desalinham a senda

E enfim se reencontram... 

Nenhum comentário:

Postar um comentário