quarta-feira, 8 de julho de 2009
quinta-feira, 28 de maio de 2009
Geração Y - por Yoani Sanchez de Havana, Cuba
"Geração Y é um Blog inspirado por pessoas como eu, com nomes que começam ou contem um ípsilon. Nascidos em Cuba, nos anos 70s e 80s, marcados pelas escolas da paisagem rural, bonequinhos russos, emigração ilegal e frustração. Por isso, convidamos especialmente Yanisleidi, Yoandri, Yusimí, Yuniesky e outros que arrastam os seus ípsilons, para ler e escrever para mim."
terça-feira, 26 de maio de 2009
A preguiça nefasta
Hoje tive uma “folguinha” das tarefas “urgentes” de meu trabalho e em uma busca desesperada por leituras úteis aportei no texto de Márcia Tiburi sobre o tema preguiça (publiquei o texto na secção de artigos desse blog).
O texto chamou a minha atenção obviamente por que me veio bem a calhar: padeço de preguiça aguda. Mas, ao contrário dos quadrinhos com o maravilhoso personagem Garfield, tal “sentimento” está longe do ócio necessário, ou ainda inteligente do qual o gato faz apologia em contraposição ao lisonjeio do “amor ao trabalho”, ideologia bem sucedida do capitalismo.
A “minha preguiça”, ao contrário, não interfere deveras no trabalho (um pouco, talvez!). A preguiça de que ando a refletir é de outra ordem. Alastra-se por todos os demais campos de minha vida, fato que me levou a refletir (ou tentar!) sobre a questão, pois prevejo em suas conseqüências a mediocridade e a perversidade.
As raízes do mal que me acomete, parece ter tons mais macunaímicos do que garfieldianos. Alimenta-se de hábitos como a minha maravilhosa mania em delegar responsabilidades e a conseqüente acomodação a esse vício; no medo em frustrar expectativas alheias (querer ser/ parecer a todo instante coerente com as expectativas de outros) e, o pouco caso com as necessidades alheias (parece contraditório, mas ficará claro mais adiante). Posso dizer que essas são apenas algumas pistas do que eu consegui colher ao longo de minhas reflexões (preguiçosas reflexões!!!). Sei que parece estranho essa associação entre preguiça e perversidade, mas tal relação é algo de que há muito desconfio. Deixarei mais claro com exemplo bem feio que há algum tempo constatei em minhas atitudes.
Eu tenho preguiça de ser mãe. Não é algo bonito de se declarar, mas é preciso. Todos os finais de semana em que tenho de cuidar de Gabriel as minhas energias parecem se volatilizarem com o ar. Não é de hoje que vejo essa minha “preguiça” em relação ao meu filho. Por isso não baixo a guarda com relação a isso. Quer dizer: baixar, às vezes, eu baixo sim, mas tento estar sempre mais atenta. Porém penso que chegou o momento em que admitir tal horror seja o mais eficaz e produtivo. Infelizmente, ou felizmente, não fui a única a notar o “defeito de caráter”. Minha melhor amiga (uma das, já que tenho duas melhores amigas) também percebeu e me apontou isso sem meias palavras. Não foi agora não. Faz tempo, ano passado. “Você está sendo negligente!”, disse ela. E doeu. Ainda mais porque tinha razão. Mas muita coisa se resolveu desde então.
Porém, vejo que essa negligencia foi em parte, canalizada a outro meio. Foi o que constatei ao ler o texto da Márcia Tiburi sobre a preguiça e um outro, Sem Limites. A autora aponta uma questão que, talvez, por ser tão cobrada com relação à imposição de limites ao meu filho, liga dois pontos de uma mesma questão: o exagero em frisar a necessidade de delimitação de limites a crianças e a preguiça. No texto, o que a autora aponta é a ligação entre a imposição excessiva de limites e a preguiça em educar crianças:
Para muitos basta dar “limites” para realizar uma boa educação. Como se a experiência do limite sozinha pudesse ser a salvação para alguém que se perdeu. Um não dito em tom solene aqui, ou acolá, e estaria feita a mágica. Sabemos que não funciona assim.
Meu amor certo dia me disse: “Precisamos de espelhos”. Nos últimos meses notei que trato Gabriel de maneira mais dura. Intuí de que devesse ser mais atenciosa também, pois achei que só poderia ser mais dura com ele se, proporcionalmente, o desse a recompensa em atenção. Mas em uma análise sincera tal recompensa não teve nada de proporcional. Daí ao me deparar com os textos de Márcia, a imagem no espelho não foi bonita. E isso teve a ver mais com a minha preocupação em impor os tais “limites” que tanto ouço todos buzinarem em minha orelha do que com o comportamento do meu pequeno. Obviamente que tal preocupação veio calhar direitinho com a minha PREGUIÇA. Calhou à preguiça, à covardia em impor LIMITES aos que buzinam “limite!”, à minha fraqueza. Ser forte com quem é fraco não tem nada de enobrecedor. É a inatividade em verniz de profunda atividade. É a PREGUIÇA em carapaça de RESPONSABILIDADE. Por fim, é covarde e perverso.
Pois é... O jeito é continuar (clichê, eu sei!). E sem esperanças em encontrar aquela moral da história no final do livro que tanto nos facilita a leitura. Olhar os espelhos que me cercam: sem preguiça!
sexta-feira, 15 de maio de 2009
Déjà vu?

*Hoje amanheceu nublado e fui até o aeroporto ver aviões decolando. Agora, ao entardecer, tenho sol nos cabelos e uma estúpida piedade daqueles que partiram cedo demais.
Chove lá fora e hoje poderia ser mais um daqueles dias chuvosos sem nenhuma grande importância. Mas a mim soou diferente...
Acordei ao milionésimo chamado do celular. Devo o ter colocado em opção soneca uma centena de vezes. Não lembro. Meu corpo já faz coisas por mim que às vezes me toma mesmo o leme das ações. As horas já se vestiam em seu costumeiro traje de atraso, mas as vértebras de minhas idéias ainda doíam do sono que exigia sua finalização. Talvez eu sonhe demais e por isso sinta tanto sono: sonhos gulosos que não se cansam de sonharem-se. Uma vitória: cheguei ao chuveiro e sem roupa ainda de olhos fechados. Ao voltar do banho, a mudança: num estalar do instante, meus sentimentos, embaralhados pelo sono interrompido, parece terem se perdido nos labirintos de minha memória e, confusos, retomaram o paladar de um mundo que já não é.
Por um balançar de realidade o cinza do dia, perdeu o lugar das horas. Não sabia se era o entardecer, ou o amanhecer de horas antes, mesmo tendo conferido algumas vezes no celular. A iluminação do quarto, o cheiro das coisas. Sim, o mundo exala. Mesmo quando não mais percebemos. Há alguns anos atrás tive de fazer uma cirurgia e por complicações na recuperação me ausentei do CRUSP por alguns meses a mais do que houvera previsto. Quando retornei da casa de minha mãe ao meu apartamento na USP, a primeira coisa que reconheci ao abrir da porta foi o cheiro, o cheiro daquele lugar. À época do falecimento de meu pai, sentia seu cheiro em tudo. Como se não conseguisse descolar a apreensão do mundo ao gosto da perda daquela existência. Os talheres tinham seu cheiro. Até a água do chuveiro! Por meses o quarto em que dormia me parecia infestado de sua presença. Ou de sua ausência...Ou de ambos...
Assim, mesmo o mundo me pareceu transpirar em novo ritmo a partir de meu retorno ao quarto. Devo dizer que é realmente uma sensação que de tão estranha, descola-se de qualquer ensaio de real. A rememorização não de fatos passados, mas de sentimentos passados. Sentir o sentimento de dias que já se foram e que, embora tenham sidos meus, não mais me pertence. A estranha consciência de que mudei por uma súbita experimentação nostálgica de sentimentos e rotinas que já se foram. Acabei por vestir uma roupa que há muito não usava e em decorrência da chuva e do atraso, a me enfiar em táxi rumo a Berrine. Dentro do carro me lembrei de meu primeiro mês de trabalho na antiga empresa em que trabalhei, dias de chuva como o de hoje e em que costumava ir de táxi.
Uma pequena pista finalmente!O paradeiro cronológico das sensações retomadas. Hoje senti o mundo em duplicidade. Ao mesmo tempo sou a Yara de hoje e a nostalgia da Yara que já morreu, a Yara de cinco anos atrás.
Ontem, ao andar pelo shopping Eldorado, finalmente encontrei a lâmpada adequada à luminária de meu quarto. Faz uns cinco anos que a tenho. Mas há uns dois anos a sua lâmpada queimou e eu segui em deixar a troca deste item para depois. Para depois... Sempre para depois.
Talvez tenha sido a luminária. Talvez tenha sido a chuva. Talvez tenha sido o sono. Ou o entrelaçamento desses três.
Quem sabe um déjà vu anômalo, nostálgico? Às vezes desconfio de que o normal não me pertence...rsrsrs!
Excerto retirado do blog Análise Publica: frase do dia. http://analisepublica.blogspot.com/2006/05/frase-do-dia_25.html
Fonte da imagem: http://diarionaooficial.blogspot.com/2008_01_01_archive.html
Musica inspiradora (o que ouvia enquanto escrevia todos esses disparates):
segunda-feira, 11 de maio de 2009
A outra metade de meus textos...continuação

Como a proposta deste espaço é o desossar de minha hipocrisia, penso em, na medida do possível, expor minhas contradições ao impulso de impô-las.
A primeira e não recente conclusão é a que defendi acima: ser contraditória é o melhor e o pior de mim. O pior, na medida em que expõe a demagogia e a fragilidade de meus argumentos, de minhas idéias e a mesquinhez de meus sentimentos. O melhor, pois graças a essa característica tenho a facilidade em abandonar idéias apaixonadas e mentirosas, idéias e sentimentos preconceituosos e discriminadores, em mover as categorias e os quadros nas paredes que sustentam os meus pensamentozinhos. Mas mover as idéias, mover as ações e mover os sentimentos são três ações distintas, embora entrelaçadas. Pois não temos acesso a fatos, mas apenas a pontos de vista. Ações distintas... Com um mesmo alvo. A demagogia, óbvio, emerge da contradição das direções entre elas. Dificulta ainda a liquidez de minhas certezas e os malditos paradoxos, os quais nem sempre estou atenta.
Estes dias, a navegar entre meus blogs prediletos, me vi diante de uma das frases de Clarice Lispector a qual não tenho mais acesso na integra, mas da qual me ficou “a moral da história”. Clarice coloca que escrever não é apenas um ato de reflexão sobre o mundo, mas condição mesma para se pensar. A autora diz só conseguir se pensar no ato da escrita. Nisto, talvez eu seja como ela. Daí eu temer o silêncio. O silencio das idéias... Obviamente, não há grandeza proporcional entre o resultado do ato de escrita de Clarice e o meu. Mas creio ser preciso amar a vida, mesmo que seja a minha. Ando alienando-me de mim. O problema disso, antes que se levante a bandeira de humildade, é que nisso me desapego do mundo. O resultado parece ser um enorme sentimento de tédio. Como se na luta diária entre a passividade de meu temperamento e a rebeldia de minhas idéias, a contradição ficasse um fardo cada vez maior a carregar. Aliás, eis uma contradição que não consigo resolver: a demagogia de meus atos e o medo das minhas palavras. Como amar a vida se já não me satisfaço com a que tenho? “Mesmo que seja a minha”... Amar a vida porque ela é minha. É a responsabilidade da vida o que parece que me escapar às mãos.
Por estes dias decidi que para continuar a pensar-me com mais sinceridade fechar alguns de meus (futuros) posts. Medo. Sim, um medo que não consigo vencer. Não tenho acesso a quem lê este espaço. Não há medidores de audiência no blog. Assim, mantenho o compromisso de sinceridade e aviso que coloco alguns conteúdos para balanço. Contraditório? Lógico!...rsrsrs!
Fonte da imagem: http://lordevelho.blogspot.com/2008/07/partes.html
quinta-feira, 16 de abril de 2009
Trecos e truques na caixa de Pandora
O blog de minha amiga Valéria, um espaço com muita coisa pra se ler.
quarta-feira, 8 de abril de 2009
Quase dois sambas
A outra metade de meus textos...
Dois sambas e nenhuma melodia.
Sorry pela mediocridade das letras, mas não sou poeta e nem musicista. Apenas uma grande intrometida. Como diria o meu amor, em paráfrase a uma frase do texto de Raduan Nassar, uma lingüístazinha de merda.
Mas se não faço sambas bons, é que estou me guardando para quando o carnaval chegar...
....
Samba sem endereço
Meu nego diz que é branco
Que é quase carcamano
Que é da Leopoldina
E que na minha favelinha
Prefere nem pisar.
Meu nego que é branco
Que se acha carcamano
Despejado da mordomia
Diz que só se mudou lá da vilinha
Que é pra não entediar.
Meu branco diz que é preto
Mas que é preto do Bexiga
E que não se junta com gentinha
Que é pra não acostumar.
Meu nego não tem cama,
Não tem mesa, não tem grana
Mas diz com voz de galo empapado
Que não é em barraco alagado
Que ele há de me amar.
Meu nego não tem cor
Não tem diploma de dotô
Não tem beira, não tem eira
Não tem carro, nem cavalo
Mas diz que em endereço favelado
Ele não vai me procurar
O meu nego que não é preto
Nasceu num bairro de operário
Em épocas de glória foi proletário
Mas hoje acha de classe só palavrear
Meu nego fala bonito, Fala difícil
Diz que é branco letrado
E que não vai pro trabalho
Que é pra inteligência não gastar
Diz que é vagabundo de classe
Que pra favela só iria se o pagasse
Mas na hora do amorzinho
A favela não quer largar
O meu branco quer ser preto
Às vezes se acha o literato
E encarna o próprio Machado
Que de preto aos poucos passou a clarear
O branquinho que é o meu nego
Esnobou minha favela,
- Tem gente chucra e sem cultura!
É difícil de chegar
Mas esse branco que é meu nego
Que não banca e só faz trela
É apenas mais um desses malandros de subúrbio
Que de samba não quer gostar
O que o nego num percebe
É que o de menos é meu “CEPE”
Que a favela mora em mim
E o meu amor é feito assim
De samba sem hora e sem lugar
Ele é a minha favela fazendo batuque
E é feito no ritmo da cama fazendo compasso
Ele é o samba sonhando o terreiro em que vai tocar.
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(Sem título)
Dizem por aí que sou muito é descarada, pois o corpo ainda nem esfriara
E eu tão logo viuvinha
Já me fiz faceirinha pro velório ir paquerar,
Mas o que todos não sabem
é que rancor de mulher traída
só se cura mesmo é com saia curta e com birita...
e mais ainda
com muita danação
Pois só eu sei quanta brasa engoli
Que da amante maldita à boca dele cuspia
as cinzas de nossa paixão
É que por um teco de cigarro, esse desgraçado,
quis me deixar no celibato
com lamento e sem pensão
E se foi.
Com a querida fedida
A traiçoeira, magrela e nem mesmo faceira,
E quem lhe era sempre a preferida
Ingrato! Ingrato!
Eu ali, queimando em paixão,
Trocada por um cinzeiro roubado!
Ingrato!
E o maravilhoso perfume
de nicotina!Da querida... fedida!
Fedida e barata,
que a todo tempo lhe escarrava a desgraça,
a asfixia de nossa canção.
Ingrato!
E agora, que suas brasas o consumiram,
Pois eu é quem pergunto a todos esses ditos amigos
Quem é que consumirá
As brasas que eu estava guardar
e o Amor que estava a lhe juntar, enquanto ele?
Tudo num cinzeiro a nos fumar!
Ingrato!
Há isso é que não há perdão!
E é por isso que eu afirmo
E em compasso de samba de viúva empoleirada
Que por chumbo trocado e cinzeiro derramado
Não se fica a chorar e não se reclama por limpar.