terça-feira, 25 de novembro de 2008

(Sex)agenária!

Nesse final de semana, enquanto zapiava a televisão a procura de uma groselha que servisse de fundo para minha conversa com uma amiga, deixei em um desses programas de fofoca sobre famosos – Amaury Junior (do útil ao fútil, nunca inútil!) – e passava uma reportagem sobre um ensaio fotográfico feito pela Vera Barreto Leite para a revista TRIP. Na matéria, a ex modelo da Chanel relatou sobre a produção do ensaio para a revista, sobre sua carreira no teatro e comentou a indignação que a produção gerou em muitas pessoas (Admiração também. Lógico!). Assim que vi o ensaio, prometi a mim que compraria a revista para publicar as fotos aqui. Mas, graças ao pai dos pobres, a internet, não precisei esperar até o fim da semana

O engraçado é que ao colocar as palavras chave para a busca, apareceram diversos blogs metendo o pau no ensaio feito pela Vera. Coisas do tipo: “Como a TRIP pôde cair tanto em sua qualidade!” “Como existe gente sem ter o que fazer!” – não sei se esse comentário faz referência ao jornalista que fez a matéria, ou à Vera – e assim por diante. Comentários de ridicularização. Mas o riso carrega em si pelo menos duas facetas: ou revela o preconceito que carrega, ou o denuncia.

O título desse post foi um trocadilho feito pelo apresenador do programa durante a entrevista.


Imagens Revista TRIP














A breguiçe de cada dia


Há dias em que acordamos brega (ou seria: “há dias em que acordo brega”?!). Não sei exatamente a qual transformação química, causa psicológica ou efeito cosmológico é possível atribuir responsabilidade a esse estado, muito menos o agente neutralizador que colocaria fim a ele, mas o que acontece é que há dias em que tudo parece se desejar em traços de epopéia.
Acordo atrasada (como sempre!) e adquiro instantaneamente a crença de que todos me odiarão por causa disso. Olho no espelho e estou feia. Aliás, estou não: sempre fui só que antes não percebia. Isso porque, veio uma fadinha no meio da noite, tocou uma varinha em meus olhos e, de hora para outra, passe a enxergar a minha feiúra! Mas isso pouco importa, pois tenho pouco tempo de vida. Pois é, isso mesmo! Por qualquer motivo absurdo, em uma rua qualquer, estarei lá, no momento errado e na hora errada e... PUM! Irei dessa para melhor! Deixarei meu amor, viúvo, meu filho, órfão, meus amigos, em desamparo... Dramático? Imagine!!! Rsrs!
Mas, calma: há os dias de breguice otimista. Acordamos e a mesma fadinha da feiúra, agora, se transformou na fadinha do amor. Então, acordo e sinto um enorme sentimento de amor: um amor pungente!(Arpas tocando!) Olho no relógio e ainda está cedo demais para levantar-me. Mesmo assim, vou tomar banho. Lavo os cabelos para que fiquem mais bonitos. Olho-me no espelho e minha pele está perfeita. Resolvo que vou menos desarrumada para o trabalho neste dia. Atravesso a ponte da Cidade Universitária cantando (quer dizer: isso eu faço tantos nos dias de pessimismo quanto nos de otimismo!)... uma música piegas! Just in time youve found me just in time…Before you came my time was running low! (repito o mesmo trecho diversas vezes, visto que nunca sei uma música por completo!). E tudo dará certo, mesmo em virtude de minha enorme preguiça em mudar meus erros.
Meus amigos são os melhores, meu amor é eterno e perfeito, meu filho é o mais belo, valoroso e feliz das crianças e tudo em minha vida sempre foi e sempre será motivo de nostalgia. Lembro-me de coisas boas e tenho vontade de paralisar o tempo em sua magnitude! Mas, aí por um místério semelhante que desencadeou o estado de breguice, acontece de aparecer a fadinha do senso crítico, e também, de hora para outra,torna tudo ridículo. Quer dizer, torna tudo muito mais ridículo! Até mesmo o que não deveria ser; o que não é.

Mas antes que o meu venha a meu socorro (ou para me infernizar!arrrgut!), deixo, a quem por essas bandas venha a xeretar, uma doce lembrança de um surto de pieguice...rsrs!

Caminhando e cantando
Seguindo a canção...


Brincadeira! Hihihi!

 

Aí vai!

 




 

Nina Simone

My Baby Just Cares for Me

My baby don't care for shows

My baby don't care for clothes

My baby just cares for me

My baby don't care for cars and races

My baby don't care for high-tone places

Liz Taylor is not his style

And even Lana Turner's smile

Is somethin' he can't see

My baby don't care who knows

My baby just cares for me

Baby, my baby don't care for shows

And he don't even care for clothes

He cares for me

My baby don't care

For cars and races

My baby don't care for

He don't care for high-tone places

Liz Taylor is not his style

And even Liberace's smile

Is something he can't see

Is something he can't see

I wonder what's wrong with baby

My baby just cares for

My baby just cares for

My baby just cares for me

Para ver a tradução dessa música, clique aqui.

sexta-feira, 14 de novembro de 2008

Crescer dói

Eu sei que não é a primeira vez que digo isso, mas como a maioria dos seres humanos, eu também sou repetitiva. Repito as piadas, dramatizo onde talvez nem haja tanto drama. Mas, sabe o que é? É que só tenho vinte e quatro anos e a impressão que tenho é a de que já tenho que escolher quase vida inteira. Daí os ombros pesam e o medo do passo em falso me faz sofrer de véspera. Ainda mais quando não se está só. Quando se atravessa a vida segurando a mão de alguém que tanto ama. Desculpa, mas hoje serei clichê.

Há alguns minutos atrás soube que terei de escolher entre a Academia ou o meu emprego. E isso é muito mais do que só isso. A vida acadêmica é algo muito além de meu Mestrado: é também a minha casa, a escola do meu filho, a minha independência... E o meu trabalho? O ganha pão, a chance de ter um salário decente e a segurança de não ter de depender da mesquinharia das retribuições da Universidade: a bolsa de estudos de fome (quando eles dão, né?), a intromissão da Coseas em nossa vida e a insegurança de um futuro sem dinheiro, sem convenio médico, sem INSS, sem casa, sem carro, sem escolha.

Citar o quesito dinheiro na Academia é pecado, não é? (risos secos!). E o aspirante a intelectual ou tem de nascer em berço de ouro, ou fazer fotossíntese (nem mesmo risos secos). Gritaria à parte, apenas para dizer que a vida, muitas vezes, nos coloca escolhas cujos critérios estão lá em baixo, na escolha do prato de comida, no teto para morar, no grau de dependência que se quer ter, ao res do chão. Bem mais feio do que o discurso de amor ao conhecimento que se divulga por aí. A escolha entre um modo de vida pautado pelo cinismo ou pela ironia. I don´t know... I don´t know...    

quarta-feira, 12 de novembro de 2008

Arrumando a casa...

Pois é... um dia acontece... A gente fuça, fuça e em meio a milhões de janelinhas com opções cujas nomenclaturas aparecem em uma língua muito pouco convidativa a essa aprendiz de blogonês, eis que encontrei uma maneira de deixar esse espaço um pouco mais com a minha cara (até porquê, não agüentava mais aquele sapo!!! Rsrs). Ainda está tudo meio clichê, mas ao mesmo tempo não, uma coisa tipo burro quando foge. Ao menos, pelo que verifiquei, o espaço de leitura se tornou bem mais confortável “pras vista”. Também dei uma olhada em meus últimos postes e mesmo em um tom viagem na maionese, ainda sim gostei deles. Mas, talvez, por influência de alguma de minhas últimas leituras, também notei um aspecto interessante: a pretensão em querer alcançar o infinito... e não alcançar porra nenhuma. O que quero dizer é que por buscar alcançar questões cada vez mais altas, deixei de lado as importantes miudezas das experiências que me cercam e que povoam minhas idéias. Vejo que está faltando humor, breguiçe, humildade. Por isso, mudarei um pouco o rumo dessa nau e deixar a César o que é de César. O incomodo de meus disparates e de meus arroubos mas também a leveza de um bom dedo de prosa....rsrs!Espero que quem por aqui costume circular, aprecie a nova decoração do espaço.A minha influência: Blog Incompletudes

 

Ah, esqueci de dizer! O vídeo que coloquei em minha secção de vídeos foi a minha outra inspiração para o layout desse blog.">Reproduzo o vídeo novamente abaixo.
Leyla Fon Rio: Le Temps Reste (Nine songs - Love scene)
by leylafonrio

terça-feira, 11 de novembro de 2008

INCOMPLETUDES

http://incompletudes.wordpress.com/
Um dos melhores blogs que já visitei. Blog com cara de blog e nem por isso, menos interessante. Recomendo!!!

segunda-feira, 27 de outubro de 2008

Bora prosear?

Quando entrei no curso de Letras e iniciei os meus estudos em teoria literária, uma das primeiras coisas que aprendi é que o “como” eu digo um conteúdo já carrega em si o significado deste. A estrutura de uma idéia já é ela mesma uma idéia. Se isso fosse um texto acadêmico quem sabe eu tivesse de definir a partir desse ponto os pressupostos que abrem essa reflexão, como, qual é a minha concepção de idéia, de estrutura textual etc.

Mas para tanto, eu teria de fazer deste texto, um artigo acadêmico o que não é o meu propósito. O que aqui tentarei defender através do relato do que considero um grande defeito meu, e na cola do texto da Tiburi, “Conversar é uma forma de amar”, é o completo desleixo como estabeleço contato com as pessoas.   

Apesar de o conceito de “entrar na bolha” ter sido cunhado há pouco tempo por meus amigos da Lingüística, já não é de agora que moro em minha redoma de vidro. Há um tempo atrás, coloquei em um de meus relatos a minha terrível mania em esconder o que sinto e o que sei, me desqualificando em um “achismo” que enclausurava (ou ainda enclausura?) os meus quereres e, principalmente, os meus saberes, dentro do rótulo da mediocridade. Pois bem, desta vez partirei de uma outra perspectiva: quando eu esqueço de meu aprendizado de início de curso e irresponsavelmente faço uso de minhas palavras e de meu silêncio. O aborto do saber alheio por meio de minha intolerância.

O que dá a coerência e que conduzirá os argumentos nesse rascunho de reflexão é o destaque que faço ao modus operante de minha intolerância: o “como” materializo o incômodo das idéias alheias. Ora, ora! Colocado assim, parece uma contradição. Poderia pensar inclusive em um agravamento da idéia que já havia colocado em meu texto anterior: não digo o que sei, por pensar que nada sei e não ouço o que me dizem por também pensar que ninguém mais saiba! Mas veja: se eu subir só mais um grau na barra da discussão, quem sabe, não o seja. O que gostaria de apontar é a falta de reflexão e a intolerância como legitimo o conteúdo e o modo dos discursos “aceitáveis” e, consequentemente, as pessoas que produzem esses discursos. 

Houve dois fatos que me fizeram parar para pensar em minha “deslexia” em construir diálogos. O primeiro: observar pessoas que sabem conversar. Quais seriam? Irei apontar duas: minha tia Railda e meu amigo Renilson. Sabe por que os escolhi? Porque quando dialogam, prestam atenção no que o outro diz e mesmo que o seu interlocutor esteja a falar a maior das bobozeiras, sabem aproveitar o assunto para algo interessante. Por que sabem contar histórias e não precisam estar a todo o momento fazendo análises sociológicas, psicológicas e outros “ógicas” que existam por aí. Não defendo aqui a passividade como o caminho para a construção de boas relações e de bons diálogos. Não é isso. Mas partirei do seguinte principio: não temos mais paciência de conversar. Creio que aprendemos novas formas de conversa, mas, ou a restringimos ao exercício solitário e impessoal da leitura e da escrita, seja em blogs ou salas de bate-papo, ou a um exercício analítico em que exclusivamente postulamos valores ou exercitamos nossa vaidade retórica. O segundo fato e que foi decisivo: o teor combativo como TRAVO conversa (sim, porque minhas falas parecem as realizadas em uma guerra, ou uma arena) com algumas das pessoas que dialogo. É a impressão cada vez nítida da nossa (sim, pois percebo que não é uma característica que se restringe a mim!) falta de interesse com em ouvir e contribuir com o que as pessoas têm a nos contar o que me trouxe de volta a esse espaço.

E se eu começasse uma fala assim: quando eu era pequena, morava em um bairro da zona Leste de São Paulo, chamado São Miguel Paulista. Lá, estudei em uma escola pertinho de casa, o Carlos Gomes, há duas quadras de casa de mamãe. Àquela época, não havia tele transporte e tinha de ir a pé para a escola, com meu tênis all star azul e meu uniforme preto, com uma listra em vinho...? Como meu ouvinte reagiria? Provavelmente, com um “hum hum” bem educado e um enfastio enorme em seu interior. Mas é esse mesmo interlocutor quem vai a um blog ler por horas a rotina do primeiro estranho aparentemente interessante que o google o indique na internet. Isso porque nos relacionamos não com outras pessoas, volúveis, mutantes, defeituosas e cujas qualidades estão dissolvidas na rotina. Relacionamos-nos com pressupostos. Pressupostos fixos, o que é ainda pior. O outro é. E se gosta de mim, é como eu, ou o que eu gostaria que fosse. Se não, é o que é e sempre será: alguém que essencialmente por já ser o que eu não gosto que seja, obviamente, não poderá ter nada a dizer que não seja merda.  Ora! E ainda complemento o raciocínio: mas nem era preciso falar, era óbvio!!! Além disso, carrego na manga a desculpa para aqueles momentos em que a consciência resolve doer: eu gostaria de ter dado mais atenção, mas será que não entendem que EU não tinha tempo?! 

Ok, ok! Uma fala descontextualizada pode ser tão inútil quanto um noticiário de páginas da secção policial. E, além do que, poder-se-ia argumentar que vivemos na sociedade da fofoca. Mas não é a esse tipo de preenchimento de palavras a que me refiro. A minha reflexão visa criticar as obviedades não óbvias que pressupomos em nossa bolha de egoísmo, a preguiça em explicar, a impaciência em ouvir, o silêncio de corpos que foram feitos para se comunicarem, para DIALOGAREM, ou mesmo, aquelas conversas vazias, preenchimento inútil dos silêncios necessários, características que permeiam e emolduram diversas das relações afetivas que conheço, inclusive, as minhas relações.

Por apostar demais em uma certeza, ou pelo medo em invadir um espaço que, por infantilidade, atribuímos restritamente ao nosso interlocutor, abafamos de nossas idéias com uma agressividade que consideramos legitima a voz de muitas das pessoas que mantemos (ou deveríamos manter) DIálogo. Silencio o outro dentro de meu próprio silêncio, em minha desatenção e em meu esquecimento. Desqualifico opiniões que me desagradam e, nem ao menos, me dou ao trabalho de separar o joio do trigo.

A conseqüência (ou seria a causa?), creio, esteja no desrespeito à história de vida que cada um carrega no bojo de sua existência, da história de seus pressupostos, o desrespeito às pessoas que o influenciaram, muitas vezes por amor, a completa desqualificação do processo de formação de sua moral.

O que eu penso ser um grande defeito meu, mas não somente meu é a desatenção com que digerimos as experiências alheias e as nossas experiências. Quem sabe ainda precisemos aprender com os mais velhos, os da época de minha avó, que agachavam em frente à porta para trocar um dedinho de prosa. Simplesmente. Sem sublimação e teatralização teórica. Simplesmente uma boa prosa...