terça-feira, 4 de setembro de 2007

Carta ao Amigo 5555555555555555555555555555 cinco!

Rating:★★★★★
Category:Other
Caro Gordo,

Cá as coisas andam com as pernas que não tem. E se o coração insiste em bater é porque a vida tem destas coisas, ela parece querer sempre valer a pena. Por isto sempre que eu lembrar seu nome vou erguer ao alto uma canção e a minha casa, bem como a sua, vai boiar na fronteira do não.
Sabe Thiago, andei lendo livros. E o que eles me dizem não se diz em palavras, de modo que no não dito, no não escrito, reside sempre o feito. Nossos heróis, nós sabemos, estão a roubar supermercados e afirmar a humanidade acima das mercadorias, estão a burlar os preços, a pressupor os fatos nas frestas do sistema. Nossos heróis, ao contrário do besta do cazuza, não morreram de overdose: NOSSOS HERÓIS SÃO A OVERDOSE.
Nós somos o excesso, o que sobra e não se enquadra, somos os que insistem em pensar as estrutruras para fraturá-las no vértice, no apêndice do caos urbano. Vale dizer meu amigo, que nós somos por demais humanos, e como tais, por demais amamos. Esta nossa mania de amar a vida é também nossa mania de amar os vivos. Pois então, aos vivos e às vivas, todo amor que couber no tempo. Sem o por acaso das lágrimas e lamentos, nós não vivemos apenas para fabricar excrementos, isto é fato e por ele não me entrego, ao contrário, por ele é preciso negar com candura e afirmar com bravura, por ele alimentar a mente como quem alimenta criaturas, de novos nomes, novas palavras, novas vidas.
Sabe, a saudade é um negócio estranho. É quando, diante dos fatos, nos perguntamos: " o que será que meu amigo diria?" Você diria que eu quero tudo. Eu diria que não me iludo, todo silêncio um dia se queda surdo, por isso guardo minha voz e meu amor, para um dia torná-los espasmo, susto, para reverberar nas paredes e acordar o aquário onde crio minhas aves marinhas. Eu tenho tanto para dar, tanto para criar, tanto para conversar. Por isto meu amigo, caso eu no acaso da vida (não o acaso em si, mas aquela coincidência desejada, saca?) tenha por mim a morte, com sorte ou não, te peço: beba por mim o que eu beberia por vc, cante por mim o que eu cantaria com vc: faça por mim o que achar que deve fazer, afinal, somos livres para pensar, livres para discordar, para largar tudo e reconstruir, para acreditar no porvir.

P.S. : Maceió é, no fundo sem fundo, a cidade do desencanto. O povo daqui anda despovoado.
Sinto-me só. Ela permanece, há quase cinco anos ela bravamente permanece e torce por mim.

P.S. 2: salve santa geo.

Lc canário, pessoa da pessoa de tainan costa. entidade floco de neve.

p.s. último: cada vez mais fragmentado em nomes. eu.

Essa carta eu peguei no blog Memórias de um Cheira Cola:
http://cheiracola.blogspot.com/

Nenhum comentário:

Postar um comentário